O presidente Jair Bolsonaro bateu o martelo e definiu que irá se filiar ao Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto. A informação foi confirmada à Jovem Pan por três integrantes da legenda. A decisão foi comunicada a dirigentes estaduais na tarde desta segunda-feira, 8. Membros da sigla ainda aguardam uma manifestação pública do chefe do Executivo federal, mas o ato de filiação deve ocorrer na quarta-feira, 17, em Brasília. O mandatário do país está sem partido desde novembro de 2019, quando deixou o PSL, partido pelo qual foi eleito no pleito de 2018. A filiação de Bolsonaro também era disputada pelo Progressistas (PP), partido comandado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. “Hoje em dia está mais para o PP e o PL. Me dou muito bem com os dois partidos. Eu converso com as lideranças desses partidos que eu tenho interesse, caso dispute a eleição, sobre termos uma bancada no Congresso. Eu tenho interesse em indicar metade dos candidatos ao Senado, pessoas perfeitamente alinhadas conosco”, disse o mandatário do país em entrevista exclusiva à Jovem Pan, há duas semanas.
Aliados vinham aconselhando o presidente da República a se filiar ao PL por três motivos. Primeiro, porque o comando da agremiação está concentrado nas mãos de Valdemar Costa Neto, preso no escândalo do Mensalão – no PP, em contrapartida, há outros caciques, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR). Além disso, há menos arestas a serem aparadas na composição política. No Progressistas, por exemplo, havia forte resistência ao mandatário do país, sobretudo, na Bahia e em Pernambuco. Por fim, no entorno presidencial prevalecia o entendimento de que a aliança com os pepistas já está consolidada. Com o casamento com os liberais, dizem, o eventual segundo mandato do chefe do Executivo federal contaria com o apoio de duas das maiores bancadas da Câmara. A cúpula dos dois partidos trabalham, agora, para avançar em um acordo visando as eleições presidenciais do ano que vem. Neste cenário, segundo relatos feitos à reportagem, o Progressistas indicaria o vice para a chapa de Bolsonaro.
As conversas com o PL se intensificaram após a segunda-feira, 25, quando Valdemar Costa Neto divulgou um vídeo convidando Bolsonaro, “seus filhos e fiéis seguidores da causa brasileira sob sua liderança”. Antes, porém, no dia 20, a cúpula do partido já havia se reunido em um jantar na casa do senador Wellington Fagundes (PL-MT), do qual participaram a ministra da Secretaria do Governo, Flávia Arruda, deputada eleita pelo partido no DF, os senadores Jorginho Mello (SC) e Carlos Portinho (RJ), o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (AM), e a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), integrante da tropa de choque bolsonarista no Legislativo. No encontro, Costa Neto ressaltou o interesse em criar as condições necessárias para que a legenda abrigue Bolsonaro e os parlamentares aliados que estão em outras agremiações, como é o caso do PSL, onde cerca de 20 deputados federais aguardam a escolha do presidente da República para que definam o seu futuro político. O PL também vê na filiação de Bolsonaro uma oportunidade para ampliar sua bancada na Câmara. Com 43 deputados, a legenda é a terceira maior da Casa. Para 2022, líderes partidários contam com a vinda de aproximadamente 20 deputados bolsonaristas que estão de saída do PSL, sigla que vai se fundir com o DEM para a criação do União Brasil. No total, estima-se que o Partido Liberal deve chegar a 70 parlamentares.