(Foto: Genilson Pessanha) |
O atraso do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) do Rio de Janeiro para realizar os reparos cobrados na ponte que liga Tapera à Lagoa de Cima, na RJ 208 — onde diversos acidentes já ocorreram e resultaram em vários óbitos —, fez com que a população colocasse, literalmente, a mão na massa. Em três dias, o povo realizou o que o órgão vinculado ao Governo do Estado não fez em quase seis meses.
Outros acidentes traumáticos ocorreram na ponte, mas, no dia 15 de dezembro de 2020, um causou comoção na cidade e teve repercussão nacional. Os irmãos Enzo Gabriel (2 anos), Ana Lais (4), Kemilly Sophya (6) e Phandora (8), e os primos Bruna Vitória (3) e Erick (12), além do condutor do veículo, Adilson, de 45 anos, um conhecido da família, morreram após o carro em que estavam cair no rio Preto. No Gol “caixote”, ainda estavam mais duas pessoas que sobreviveram: uma adolescente, de 13 anos, e uma jovem de 18 anos, mãe da Bruna Vitória. Desde então, moradores das proximidades apontavam a falta de sinalização, muretas e quebra-molas como as principais causas, cobrando do DER, órgão responsável pela via, reparos naquele ponto.
Diante da repercussão, foi feito todo o trabalho de instalação de sinalização, mas a demanda por intervenções que resultassem na efetiva redução de velocidade, além de reparos diretos na ponte, não chegaram a ser realizadas. Para os moradores da área, a situação continuava a ser um convite a futuros acidentes.
Neste momento entrou em ação Paulo Cothé e sua “Corrente do Bem”, formada e financiada principalmente por empresários de Guarus e amigos. Há duas semanas, ele e algumas pessoas comprometidas com a corrente iniciaram a obra e repaginaram a ponte. De quebra, Paulo e seus amigos ajudaram a capinar o quintal de uma creche municipal, que fica a 30 metros da ponte. Tudo isso sem utilizar nenhuma verba municipal, estadual ou federal.
– Foram três dias de trabalho. No primeiro, ficamos até as 23h para encher caixas com concreto, além de esperar secar para começarmos a tirar e fazer a pintura. Realizamos a colocação de 27 muretas guarda-corpo, corrimão e pintura completa da ponte. Também fizemos o trabalho de roçagem e a colocação de algumas sinalizações – contou Paulo, que atua com seu grupo há dois anos na cidade.
À época do acidente, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), hoje secretário estadual de Governo, chegou a relatar que havia feito cobranças do DER para intervenções no local, e que a demanda havia sido apresentada muito antes da tragédia, mas que não havia recebido resposta.
A equipe da Folha da Manhã procurou o DER-RJ. Eles informaram que o contrato de conservação da via em vigor, não contempla a instalação e reposição estrutural de construções como, por exemplo, guarda corpos.
Ressaltaram ainda que um estudo – ainda em em fase de análise da viabilidade técnica - que prevê a implantação de lombadas eletrônicas, uma em cada sentido da rodovia; visando reduzir a velocidade na entrada da ponte, melhorando as condições de segurança no local.
O órgão concluiu, por fim, que “não se furta de suas responsabilidades diante das demandas necessárias a atender... todavia esclarece que algumas (ações), necessitam de estudo técnico mais aprofundado para aplicação correta dos recursos”.
Fonte: Folha da Manhã