(Museu Imperial- foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
Uma notícia veiculada na Folha de São Paulo, que virou nota na coluna do Elio Gaspari, no jornal O Globo, que o Governo Federal pretende transformar o Museu Nacional da UFRJ – que vem passando por uma grande reconstrução desde o incêndio de 2018 - em centro de memória da família imperial, surpreendeu algumas instituições de Petrópolis. A proposta pode colocar em risco o Museu Imperial, local que abriga um dos maiores acervos da família monárquica. A sugestão circula pelo governo Bolsonaro e estava sendo liderada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo – que pediu demissão dias depois da matéria, e pelo deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL).
As organizações não governamentais AMA Centro Histórico e Instituto Civis, que atuam na cidade por mais de 25 anos também se manifestaram sobre o projeto que está circulando. “Temos uma preocupação de mexer no acervo do Museu Imperial em Petrópolis. Eu como defensora da preservação do patrimônio acredito que quanto mais preservação é melhor, mas não pode despir um santo para vestir o outro e desprestigiar nosso patrimônio”, contou a representante do AMA, Myriam Born.
“ Essa proposta é fora de propósito. O Museu Nacional perdeu muito mais de 2 mil acervos por conta da incompetência de governos. A transferência de peças do acervo do Museu Imperial seria um enorme prejuízo tanto financeiro como cultural. Petrópolis foi planejada e construída no entorno do Palácio Imperial e hoje em dia o Museu Imperial, é um dos mais conhecidos e visitados do país”, completou Mauro Corrêa do Instituto Civis, que ainda lembrou : “Podemos informar que em 2019 o Museu Imperial recebeu 466 mil visitantes, muitos deles estrangeiros, que divulgam a cidade no exterior”.
O Museu Nacional possui um perfil científico e acadêmico de extrema importância para as pesquisas nas áreas da antropologia social, arqueologia, zoologia e botânica. Desde 1930 a unidade é ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A proposta prevê a mudança do acervo científico do museu para um anexo da propriedade.
(MIP, foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
A equipe do Diário entrou em contato com a direção do Museu Nacional que afirmou que foram surpreendidos pela proposta. “ Esse projeto não tem nada de positivo e é um tanto anacrônico, principalmente por estar sendo travado com exclusão da UFRJ e do Museu Nacional. Imagina "saquear" o Museu de Petrópolis? O acervo da família imperial está todo aí. Também estamos muito tristes em ver um parceiro importante como o IPHAN neste envolvimento. Eles precisam trabalhar pelo Museu, ajudar a reconstruir como fizeram em meados do ano passado”, destacou o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner.
O projeto causou indignação também em esfera nacional e várias organizações como Academia Brasileira de Ciências; Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior e Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro divulgaram nota de repúdio sobre o caso.