sábado, 27 de março de 2021

Sem salários, funcionários da Beneficência Portuguesa de Campos recebem doação de alimentos


Profissionais que estão na linha de frente contra a Covid-19 seguem sobrecarregados com o aumento de casos da doença. Em Campos, um grupo de profissionais que trabalha na Beneficência Portuguesa, sede do Centro de Combate ao Coronavírus (CCC) está com salários de fevereiro atrasados. Alguns pediram doação de alimentos. Já outros profissionais pediram demissão. “Alguns técnicos de enfermagem já saíram. Plantões estão ficando com falta de pessoal”, disse um funcionário que se demitiu. A direção do hospital não se manifestou. A Prefeitura de Campos diz que o pagamento à instituição está em dia.

“Comecei uma campanha num momento de desespero, ao ver meus colegas passando por muita dificuldade, mais uma vez por falta de pagamento. Não conseguimos ajudar a todas as famílias que solicitaram ajuda. Ainda faltam 150 cestas básicas. Nós funcionários da Beneficência estamos novamente com salários, férias e 13⁰ salário atrasados. O dinheiro que está no caixa do hospital e para comprar insumos para manutenção dos pacientes. Porém fome, aluguel, água, luz não conseguiram esperar essa negociação. Estamos dando nosso melhor em atendimento à população com o grande aumento dos casos de Covid”, diz a funcionária em campanha pela rede social Whatsapp.

A reportagem do Terceira Via voltou a procurar a direção da Beneficência Portuguesa para que comentasse as denúncias de funcionários a respeito dos atrasos de salários de fevereiro, demissões e problemas de infra-estrutura, mas não houve retorno. A Prefeitura de Campos também foi questionada, já que contratou os serviços da Beneficencia Portuguesa para sediar o Centro de Combate ao Coronavírus (CCC). Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informa que a nova gestão está em dia com o repasse. Sobre o pagamento dos profissionais a responsabilidade é da direção da unidade.

Dificuldades financeiras e emocionais

Médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos, profissionais de todas as categorias ainda não receberam os salários de fevereiro. Um funcionário que decidiu pedir demissão disse à reportagem que alguns técnicos já saíram e isto afetou os plantões, sobretudo no setor que trata Covid-19. Ele prefere não se identificar. “Por enquanto não houve contratação, estão tentando fazer um rodízio pra cobrir os que saíram. A maioria que saiu já está em outro serviço”, afirma.

Sem salários e constantes atrasos de pagamento, o profissional decidiu sair também por outras razões. “É muito estresse, trabalhar lá é muito cansativo. Muitos pacientes graves. O nível de exigência é altíssimo. Nossa carteira foi assinada pela Beneficência, mas só trabalhamos no CCC. Tem acontecido falta de medicamentos, principalmente bloqueadores neuromusculares e sedativos”, conta.

Um outro funcionário do CCC / Beneficência Portuguesa reclama da atual situação financeira e das condições psíquicas por causa do trabalho.

“O mês de fevereiro está em atraso, o que está prejudicando todos aqui, principalmente as pessoas que têm essa única fonte de renda, assim como eu. Estamos trabalhando na linha de frente da Covid, expondo nossas vidas ao risco iminente. Não somos valorizados. Trabalhamos por amor, não vamos parar, pois nossa intenção não é prejudicar quem realmente precisa, que são os pacientes. Querermos ser reconhecidos e valorizados pelo nosso trabalho. O pagamento de janeiro saiu parcelado em porcentagens. Os outros hospitais filantrópicos, como o Plantadores de Cana, Álvaro Alvim, Santa Casa, estão em dia com seus funcionários”, conclui.






Fonte: Terceira Via