O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou em entrevista à BBC News Brasil que a Operação Lava Jato apoiou a eleição de Jair Bolsonaro, tentou interferir no resultado eleitoral e agiu para “perturbar o país” durante a gestão de Michel Temer. A poucos dias de liberar para julgamento a ação em que o ex-presidente Lula pede a anulação da condenação no caso do Triplex do Guarujá, o ministro do STF também afirmou que o ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro fez “tudo o que não condiz com o que se espera da relação entre juiz e Ministério Público em uma investigação criminal”. Questionado sobre se uma eventual anulação da condenação de Lula não poderia causar um “efeito cascata” e beneficiar outros réus da Lava Jato, Mendes disse que cada caso será analisado individualmente. Ele sinalizou, porém, que as condenações baseadas na colaboração informal entre procuradores e autoridades estrangeiras devem ser reavaliadas. As falas do ministro foram tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta terça-feira, 16.
Rodrigo Constantino considera a entrevista de Gilmar Mendes como errada e absurda “do começo ao fim”. “Gilmar Mendes é uma figura patética e olha que talvez nem seja o pior. O que mostra a configuração do Supremo que temos hoje e por que gera tanta revolta popular”, pontuou. Para ele, os membros do STF fazem um excesso de entrevistas e comentários políticos à imprensa e os ataques “levianos” à Lava Jato e à figura de Moro por parte de Mendes são feitos antes mesmo dele se vincular ao governo de Bolsonaro. “A única coisa que ele fala que tangencia a verdade ali é que o lavajatismo contribuiu com o bolsonarismo, mas isso é por conta da bandeira ética. Culpa dos outros que se mostraram totalmente corruptos”, afirmou. O comentarista afirma que o que mais o incomodou na fala do ministro foi o momento no qual ele se classificou como um liberal. “Liberar para o Gilmar Mendes é só se for soltar bandidos”, pontuou. Para ele, só o impeachment de algum dos representantes da maior corte do país pode “acalmar” a população.
Fonte: Jovem Pan