As fortes chuvas que atingem os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, desde essa quinta-feira (23), continuam a oferecer riscos à população das regiões Norte e Noroeste Fluminense e mantêm as Defesas Civis dos municípios em alerta. Em Itaperuna, pelo menos duas famílias tiveram que deixar suas casas devido ao risco de deslizamento de barrancos. Para esta sexta-feira (24), há possibilidade de o rio Carangola, que passa pelos estados do RJ e de MG, transbordar na altura do município de Porciúncula. Já em Bom Jesus, o rio Itabapoana ultrapassou um metro de seu nível de transbordo, o que causou a interdição de ruas, e há previsão de subir mais. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), as cidades de Cardoso Moreira, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua estão em estado de atenção, enquanto Italva está em alerta. Em Campos, nesta manhã, foram registrados 21,2 mm de chuva e o Grupo de Emergência em Alagamentos segue monitorando toda a região. A previsão é de 80 mm de chuva para todo o dia. No estado do Espirito Santo, onde as chuvas também causaram estragos em vários municípios, o número de pessoas fora de casa já passou de 3,2 mil, entre desalojados e desabrigados.
O coordenador regional da Defesa Civil da Região Norte e Noroeste, coronel Joelson Oliveira, informou que, com as chuvas registradas no Espírito Santo e em Minas Gerais, o órgão segue monitorando toda a área.
— Nossa preocupação também são os rios Carangola e Muriaé. Ainda não passaram da cota de transbordo, mas o Carangola, possivelmente nas próximas horas, vai transbordar no município de Porciúncula. A Defesa Civil de lá também está mobilizada, junto ao prefeito e secretários, e está emitindo alerta, avisando, dando a oportunidade para as pessoas saírem de suas casas — adiantou o coordenador. Às 9h45 desta sexta, de acordo a Defesa Civil de Porciúncula, o rio Carangola estava com 4,91 metros. A cota de transbordo é 5,20 metros.
Já em Itaperuna, de acordo com Oliveira, duas famílias foram retiradas devido a deslizamento de barrancos. Na BR 356, que ficou interditada, nessa quinta, após queda de barreira e bolsões de água na pista, houve transbordamento de um córrego. Famílias que vivem nos arredores foram retiradas temporariamente, mas já retornaram às suas casas.
— Todos os municípios estão em alerta porque está programado para chover em toda a região, com possibilidade de maior chuva para hoje (sexta-feira). Sempre tem problemas pontuais, como deslizamento de terra. O grande problema agora é que a terra está encharcada. Então, o perigo é para quem mora em área de encosta — explicou Oliveira.
A Defesa Civil de Itaperuna informou que o município se encontra no nível amarelo, que significa atenção, mas destacou que o nível laranja (de alerta) poderá ser emitido caso o nível do rio Muriaé atinja a marca de 4 metros ou no momento em que o acumulado de chuvas dos últimos cinco dias atingir marca igual ou superior a 100 mm³ de chuva, sendo que no momento, este acumulado é igual a 89,0 mm³.
Em Italva, o município está em estado de atenção. O rio Muriaé subiu para 3,72m, sendo seu nível de transbordo cotado em 4,20m. Em 16 horas choveu 112mm no município.
Cardoso Moreira também teve transtornos / Divulgação O coordenador pediu que a população permaneça em áreas seguras, distante de encostas e de regiões de rios, ribeirões e córregos.
A gente orienta que as pessoas que moram em área de encosta, neste momento de chuva, vão para a casa de um amigo ou parente. Se não tiver essa possibilidade, acionem as Defesas Civis para elas providenciarem abrigo público. Se não tiver nenhuma dessas oportunidades, que elas frequentem o cômodo da frente da casa das encostas. Não dá para prever quando uma inundação vai acontecer, mas outra preocupação é enxurrada. Tem esses córregos muito pequenos. Não dá para prever porque é uma nuvem que descarrega na cabeceira deles, e eles transbordam com muita força e velocidade. Então, é outro alerta para as pessoas que moram em torno desses ribeirões — complementou Joelson.
Campos — O Grupo de Emergência em Alagamento, formado pela Defesa Civil, secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, secretaria de Desenvolvimento Ambiental, superintendência de Limpeza Pública e Empresa Municipal de Obras Públicas (Emhab), segue monitorando toda a cidade de Campos. Até o momento, as chuvas não representam riscos de alagamento e prejuízos à população.
Campos — O Grupo de Emergência em Alagamento, formado pela Defesa Civil, secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, secretaria de Desenvolvimento Ambiental, superintendência de Limpeza Pública e Empresa Municipal de Obras Públicas (Emhab), segue monitorando toda a cidade de Campos. Até o momento, as chuvas não representam riscos de alagamento e prejuízos à população.
O coordenador da Defesa Civil, major Edison Pessanha, informou que o órgão não recebeu chamadas de emergência, mas os trabalhos do grupo foram reforçados, por determinação do prefeito Rafael Diniz, após os alertas emitidos para o Norte Fluminense.
— As secretarias e superintendências estão atuando nas suas áreas de competência. Estamos monitorando o clima de acordo com os institutos (de meteorologia) para ver o que teremos nas próximas horas. Mas a tendência é que essa frente fria perca a força a partir de amanhã (sábado). A previsão para amanhã é de 25 mm e para domingo, de 5 mm. Aí, vai perdendo força no decorrer da próxima semana. As pessoas devem ficar atentas às informações dos órgãos competentes — salientou o major.
Pessanha comentou sobre o alerta de ciclone subtropical no litoral da região Sudeste, emitido pela Marinha do Brasil e válido até este sábado.
— O alerta é para alto-mar, para atividades de navegação e pesqueiras. Todas as colônias de pescadores estão em alerta para não praticar atividades, nem artesanal nem industrial. É bom ficar atento aos alertas do Corpo de Bombeiros, com sinalizações de alto risco nas praias. É bom obedecê-las por medidas de segurança, mas não existe alerta de ressaca na praia campista — finalizou.
Cancelamento de eventos — Os municípios de Bom Jesus do Itabapoana e São Francisco de Itabapoana divulgaram informações sobre suspensão de atividades e eventos devido às fortes chuvas.
Por meio de nota, o diretor-geral do Instituto Federal Fluminense de Bom Jesus do Itabapoana informou que “decidiu suspender as atividades da instituição na tarde desta sexta-feira, dia 24 de janeiro de 2020, devido à possibilidade de transbordamento do Rio Itabapoana, conforme alerta da Defesa Civil. A orientação está prevista na Ordem de Serviço nº 01, de 24 de janeiro de 2020”.
Já a Prefeitura de SFI cancelou os eventos do “Verão da Alegria” que ocorreriam nesta tarde. “Desta forma, Edivane Santos e Rock + não vão se apresentar em Sossego e Santa Clara, respectivamente”. A prefeita Francimara Barbosa Lemos declarou que o poder público está em alerta. “Na semana passada, quando começou esta chuva, a previsão indicava 50 mm, mas choveu 120 mm. Sendo assim, temos que ter cautela na promoção dos eventos”, declarou.
Dados do Inea — De acordo com o portal oficial do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em atualização feita entre 10h e 11h desta sexta-feira, Cardoso Moreira permanece em estado de atenção, com chuvas fracas, assim como Santo Antônio de Pádua.
Já o município de Itaperuna, que registrou diversos danos, está em atenção, com registro de chuvas moderadas. Italva segue em estado de alerta, sem chuva, assim como Bom Jesus do Itabapoana.
Espírito Santo — Segundo o último boletim da Defesa Civil do ES, a registros de desabrigados e desalojados em Iconha, Alfredo Chaves, Rio Novo do Sul, Vargem Alta e Anchieta. O maior registro de desalojados é em Alfredo Chaves, que contabilizou 1.107 pessoas fora de casa.
Fonte: Folha da Manhã | G1