“Mudança é processo, a única coisa permanente da vida”. A necessidade de acompanhar as mudanças do mundo, cada vez mais aceleradas.
Para Cortella, é preciso lembrar de uma das mais famosas reflexões do filósofo Heráclito: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem”. “Mudar é complicado, mas se acomodar é perecer”, disse. “Não há perigo maior do que a acomodação”.
E isso mesmo em tempos de crise. “É na crise que você vê quem é bom. Para nadar rio abaixo é só soltar o corpo”, afirmou.
Em se tratando de iniciativa, da necessidade de buscar diferenciais em todas as situações, Cortella explicou que a trilha sonora mais perigosa a ter como referência hoje é o samba Deixa a Vida me Levar, de Zeca Pagodinho. “É preciso seguir Geraldo Vandré quando ele canta que ‘quem sabe faz a hora, não espera acontecer’, na música Para não dizer que não falei das flores”, disse. “Esse é o princípio do empreender”.
Sobre sorte e coragem
Dentro desse espírito de atitude diante da vida e dos negócios, o filósofo citou uma reflexão dos romanos sobre sorte e coragem. “Eles diziam que a sorte segue a coragem”, disse. “E lembrando que coragem não é a ausência de medo, mas a capacidade de enfrentá-lo”.
Por isso mesmo, Cortella diz se sentir mais seguro, ao entrar num avião, de ouvir do piloto que ele teme pela segurança do voo, o que seria um sinal de maior cuidado e dedicação. Foi o caso de uma viagem aérea recente, saindo de São Paulo para Minas Gerais, atrasada em uma hora e meia por conta de um problema na aeronave. “O comandante pediu desculpas a todos e disse que, se aquele avião tivesse alguma falha grave, seria o primeiro a sair dali”, disse. “Ele tinha medo, mas também tinha coragem para lidar com a situação”, contou. “É assim que um líder age na hora da crise, põe a cara”.
Seria o medo, também, um impulso para que oportunidades não sejam perdidas. “Para não perder uma oportunidade, é preciso ter medo de perdê-la”, destacou. “É a coragem que nos leva a não perder a oportunidade”.
A armadilha do possível
Cortella lembrou aos empreendedores que “a coisa mais perigosa num mundo de mudança é cair na armadilha da ‘síndrome do possível’”. “É o mecânico que diz que vai fazer o possível para consertar o carro, o médico que diz que vai fazer o possível pelo paciente e assim por diante”, disse. “A gente tem que ter mais iniciativa, agir como os americanos que dizem ‘I will do my best’ ou vou fazer o meu melhor”, afirmou. “Não é uma simples diferença de idioma: nas nossas atividades, nós estamos fazendo o possível ou o melhor?”, questionou. “A gente tem que fazer o melhor, nas condições que tem, não pode se contentar com o possível”.