Polícia Civil prendeu a mãe de Jéssica Cordeiro de Freitas, de 13 anos, na tarde desta sexta-feira (5), em casa, no distrito de Travessão. Ela é apontada como a principal suspeita de ter matado a filha a facadas, na madrugada do dia 27 de maio, dentro da residência. A reviravolta nas investigações aconteceu após reconstituição do crime, na noite da última terça-feira (2), que durou cerca de quatro horas e envolveu a mãe, o padrasto e um amigo dele, os dois últimos presos temporariamente há cerca de duas semanas. Durante coletiva de imprensa, na tarde desta sexta, na 6ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), o delegado Pedro Emílio Braga afirmou que a menina teria sido morta pela própria mãe, no ensejo de uma discussão.
Pedro Emílio informou que Jéssica retornava da igreja, que fica a poucos metros de sua residência, quando encontrou com sua mãe reunida com o padrasto e um amigo dele. A mulher, segundo o delegado, havia feito, durante todo o dia, uso de álcool e cocaína, que, somados a remédios controlados, fizeram com que se encontrasse em um estado bastante alterado. Segundo o delegado, o companheiro da suspeita deixou a residência e, a pedido dela, se dirigia às favelas próximas em busca de mais cocaína. Nesse momento, a garota entra na casa, seguida da mãe, e testemunhas, assim como o padrasto e o amigo, puderam ouvir a vítima gritar “até que enfim, mamãe”, em função de ela estar o dia inteiro se drogando.
Delegado apresenta caso em coletiva de imprensa / Genilson Pessanha— Ficou claro para nós que tal declaração teria motivado o início da discussão. A mãe não aceitava a repressão da filha, que cada vez menos suportava o fato de ela gastar todo dinheiro, que seria para o sustento da casa, com drogas. Essa relação vinha se exacerbando e, há 20 dias, a mãe chegou a esganar a filha, mas, nessa ocasião, a adolescente conseguiu se livrar dela e fugir de casa, estando a mãe também em estado de extrema alteração em função do consumo de drogas e remédios controlados — disse Pedro Emílio.
O delegado disse que foi um mês de investigação, diversas oitivas realizadas com parentes, testemunhas e vizinhos, que culminaram na reconstituição realizada na última terça-feira. Ele qualificou a investigação como complexa, uma vez que a mãe pretendeu embaralhar os fatos.
— No dia do crime, ela alterou o estado das coisas, deixou a residência como se estivesse indo atrás do seu cônjuge, enquanto que, na verdade, tinha a intenção de forjar o ataque e entrada de um terceiro indivíduo à sua residência. Na reconstituição, ela não foi capaz de dizer o que aconteceu durante os 50 minutos em que ela ficou dentro da residência após a saída do padrasto. Ela não confessa o crime, é uma pessoa de personalidade extremamente dissimulada. Se por um lado não confessa, por outro também não manifesta qualquer emoção por estar sendo presa por esse fato — ressaltou o delegado.
Para Pedro Emílio, o irmão de Jéssica, de 8 anos, a única testemunha presencial do crime, foi influenciado pela mãe, no sentido de apresentar versões não condizentes com a realidade e, por fim, em choque, acabou por não poder contribuir de forma significativa com a investigação. Atualmente, ele se encontra sob tratamento psicológico permanente e está sob a guarda provisória dos tios. Já a criança de 2 anos, que também estava na casa, é filha do padrasto de Jéssica e está com o pai.
Sobre o padrasto e o amigo, inicialmente suspeitos, o delegado disse que representou pela revogação das prisões temporárias e eles deixam a condição de investigados.
Fonte: Folha da Manhã