(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
O Hospital dos Plantadores de Cana (HPC) realiza, desde essa quinta-feira (11), pelo SUS, por meio da Rede Cegonha, partos humanizados, que podem ser de cócoras ou aquático. O método, 100% natural, sem qualquer medicamento, tem técnicas que funcionam como anestesia e reduzem as possibilidades de infecções. Mas, segundo as mães, o mais importante nesse tipo de parto é o contato direto e rápido com o bebê, que já é aquecido pelo calor do corpo da mulher e amamentado logo no primeiro momento de vida. Duas crianças nasceram pelo método, entre a tarde dessa quinta-feira e a manhã desta sexta (12).
— A sensação é maravilhosa. Tem a dor do parto, é doloroso, mas, depois que nasce, a água relaxa, a sensação é muito agradável e dá vontade de continuar ali. Tenho outros dois filhos, de cinco e três anos, mas este parto foi totalmente diferente. Victor Hugo veio direto para meu colo, mamou. Foi muito emocionante. É muito amor envolvido — contou Emanuele Pereira de Souza, 26 anos, que deu à luz Victor Hugo. Ele nasceu na manhã desta sexta-feira, com 2,740 kg e com 9/10 (em uma escala de 0 a 10) de Apgar, primeiro exame realizado no recém-nascido para avaliar seu nível de adaptação à vida fora do útero, com resultado mostrando que se trata de uma criança saudável. Emanuele escolheu a amiga Aline para acompanhá-la no parto. “Agora é muito mais do que uma amiga”, disse ela, que reside em Travessão.
Mas o primeiro bebê nascido de parto natural aquático no HPC foi Carlos Heitor. O menino nasceu às 13h de quinta-feira, com 3,080 kg. O método foi apresentado à mãe, Lorrane Concebida, 19 anos. “Eu sempre quis parto normal. Quando cheguei, me falaram do parto humanizado e foram me explicando como é. Achei interessante e decidi fazer. É meu primeiro filho, mas acho que a dor foi amenizada pelas técnicas que usam. Logo que nasceu, ele mamou e foi muito emocionante”, contou a jovem mãe, que disse ter sido muito bem assistida no parto pelo marido Carlos Douglas, 23 anos. A família é da localidade de Veiga, em Poço Gordo, Baixada Campista.
Ainda nesta sexta, dois outros partos naturais devem ser realizados: um aquático e um de cócoras. A equipe que realiza o procedimento é multidisciplinar, com enfermeiras, obstetriz (parteira) e pediatra. Gerente de enfermagem, a enfermeira obstetra Liene Henriques disse que os profissionais que atuam no procedimento passaram por capacitação e cursos da Rede Cegonha durante quatro anos. Ela conta como funciona o atendimento prestado pelo HPC.
— A mulher chega ao hospital em trabalho de parto e passa por uma avaliação, para ser verificado se há projeção para o parto natural humanizado. Havendo, é perguntado se ela tem interesse de ter o bebê dentro d’água. Ela pode escolher a companhia que quiser para o parto: marido, mãe, irmã, amiga; quem ela quiser. Todo o acompanhamento é natural, não havendo anestesia ou qualquer método farmacológico. Massagens, escalda-pés, apoio e a bola são técnicas empregadas para aliviar a dor, como também a musicalização, porque a mulher pode trazer, para ouvir, a música que ela preferir — explicou a enfermeira.
Liene também apontou as vantagens do parto natural humanizado. “Há o alívio da dor; o contato pele a pele entre a mãe e filho; o bebê já é imunizado com o leite materno nos primeiros momentos de vida; o vínculo da família com o bebê é fortalecido, porque presenciam o nascimento; o bebê tem a vantagem do aquecimento no contato com o corpo da mãe e ainda ouvindo o batimento cardíaco dela, que já conhecia do útero; menos risco de infecção hospitalar, entre outras vantagens”, detalhou a gerente de enfermagem, acrescentando que o procedimento não é indicado para toda gestante, como a que passou por cesariana há menos de dois anos ou portadores de HIV e outras DSTs.
Fonte: Folha da Manhã