(Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo )
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) determinou nesta sexta-feira a transferência do ex-governador Anthony Garotinho da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O ex-governador chegou ao local por volta das 21h40.
Em Bangu 8, Garotinho está isolado em uma cela monitorada por uma câmera 24 horas por dia. A transferência foi feita como punição por não ter provado as supostas agressões que disse ter sofrido na madrugada.
De acordo com a Seap, Garotinho estava sozinho em uma galeria composta por nove celas todas vazias, em Benfica. E as imagens das câmeras de segurança da unidade não registraram a presença de qualquer pessoa ou estranhos que pudessem comprovar a agressão relatada pelo ex-governador.
A decisão aconteceu mesmo após a Vara de Execuções Penais (VEP) do Tribunal de Justiça do Rio negar o pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para que o ex-governador fosse transferido do presídio em Benfica. Segundo o MPRJ, a permanência dele no mesmo presídio em que estão detentos da Lava-Jato apresentaria riscos à integridade física do político.
Mais cedo, o juiz Ralph Manhães, da 98ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, se manifestou a favor da transferência do ex-governador para um presídio de segurança máxima, incluindo a possibilidade de que ele vá para uma penitenciária federal.
Mais cedo, Garotinho foi levado à 21ª DP (Bonsucesso) para prestar depoimento. À polícia, ele contou que um homem entrou na cela dele de madrugada e bateu nele com um porrete, além de fazer ameaças com uma arma. Segundo o ex-governador, a agressão teria sido causada em retaliação das denúncias feitas por ele sobre irregularidades em órgãos dos estado, inclusive a Seap.
Na prisão, Garotinho chegou a ser atendido pelo ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, aliado do ex-governador Sérgio Cabral. Côrtes está preso sob a acusação de receber propina e trabalha na enfermaria da prisão em Benfica, para onde estão sendo levados os presos da Lava-Jato no Rio.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Wellington Vieira, Garotinho poderá ser indiciado por falsa comunicação de crime, caso seja comprovado que ele não foi agredido em sua cela. O crime prevê de um a seis meses de detenção ou multa.
De acordo com o delegado, Garotinho chegou a ser advertido sobre o risco de ser indiciado se sua versão não fosse verdadeira. Ainda assim, ele manteve o seu relato sobre a agressão.
— Se ele não estiver falando a verdade, poder ser indiciado. Mas o caso ainda está sendo apurado. Vamos verificar a versão apresentada — esclareceu o delegado.
Fonte: O Globo