segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Rafael: “Quero ser prefeito, não dono da nossa cidade”

(Foto: Divulgação | Ascom)
“Esse grupo político pega mentira. Mentira atrás de mentira, para tentar denegrir a imagem da oposição. Isso eu posso falar por todos os colegas candidatos da oposição”, dispara Rafael Diniz, candidato à Prefeitura de Campos pelo PPS, ao comentar sobre a tentativa dos de ligar aos oposicionistas a suspensão do Cheque Cidadão. Primeiro entrevistado na série da Folha com os candidatos à Prefeitura, Rafael comentou sobre pesquisas e o clima tenso da campanha. Para ele, quem está “jogando sujo” é o secretário de Governo Anthony Garotinho (PR). “Quem instituiu esse tipo de política em Campos foi Garotinho há 30 anos. E hoje, o que o grupo dele faz, os pupilos, os comandados dele fazem também”, afirmou Diniz, que também falou sobre propostas “para implementar uma gestão diferente em nosso município”.

Folha da Manhã – Esta entrevista vai ser publicada na segunda, mas está sendo realizada na sexta. Algumas horas atrás o governo Rosinha (PR) teve uma secretária, a coordenadora do Cheque Cidadão e outras oito pessoas beneficiadas pelo programa foram presas pela Polícia Federal pelo uso do programa como moeda de troca eleitoral. O que você sabe dessa operação? Qual a sua opinião sobre isso?

Rafael Diniz – Com a correria da campanha, eu acompanhei olhando rapidamente os blogs. Mas o que a gente tem acompanhado é esse uso irresponsável do Cheque Cidadão para ter voto. O que eu tenho defendido na campanha é a manutenção do Cheque Cidadão, mas de forma responsável. Ofertar o Cheque Cidadão para as famílias que precisam. Tem muita família que não precisa e está recebendo no lugar de família que precisa. Quero garantir para as pessoas a manutenção desse programa que é tão importante. Não podemos admitir o que está acontecendo na nossa cidade. Mais uma vez Campos ocupando as páginas de polícia em termos de eleição.

Folha – O Governo tem uma base de proteção social muito forte. O Cheque Cidadão, a Passagem a R$ 1.00
Rafael – Eu tenho defendido que nós temos que manter os programas sociais. Só que nós temos que ir além, melhorar os programas sociais. Manter Cheque Cidadão, manter passagem a R$ 1, continuar a construir casas populares, conjuntos habitacionais. Mas temos que melhorar. Por exemplo, é garantir o Cheque Cidadão para as famílias que precisam e mais que isso, gerar oportunidade de emprego para as pessoas. Nós temos que garantir a passagem e, mais que isso, colocar ônibus nos bairros. Hoje não tem ônibus nos bairros, mesmo com uma passagem barata. Mais que oferecer casas populares, nós temos que oferecer lar para as pessoas. Nos conjuntos habitacionais, levar junto com as casas, saúde, educação, segurança, transporte público, dignidade, saneamento básico. Manter os programas sociais, mas fazer diferente: melhorar e ampliar os programas sociais.

Folha – Sobre o Cheque Cidadão, nessa sexta, um jornal de Campos teve a seguinte manchete: “Oposição faz Justiça suspender Cheque Cidadão”. O proponente da ação é o Ministério Público Eleitoral. Seis dos setes promotores.
Rafael – O primeiro a denunciar fraude no Cheque Cidadão foi Garotinho, lá atrás. Denunciou e não fez nada. Agora quem está fazendo é o Ministério Público Eleitoral. E mais uma vez esse governo, esse desgoverno, esse grupo político, pega mentira. Mentira atrás de mentira, para tentar denegrir a imagem da oposição. Isso eu posso falar por todos os colegas candidatos da oposição. Tentam dizer que só eles vão manter os programas sociais. É mentira. Eles têm que falar deles. E mais uma vez vem na capa do jornal, o jornal deles, dizer que foi a oposição. A oposição não, foi o Ministério Público Eleitoral. Fez uma investigação e através da Polícia Federal está prendendo as pessoas que possivelmente possam estar envolvidas em um absurdo como esse, explorando as pessoas para ter voto.

Folha – Além do Cheque Cidadão, teve a contratação por recebimento de autônomos, por RPA, foi alvo de ação. Como é que você esta questão dos RPAs?
Rafael – Campos tem que contratar pessoas para trabalhar. Tem que valorizar, garantir o concurso público. Eu sou um defensor do concurso público, mas existem funções que tem que ser por contratação temporária. As pessoas que querem trabalhar em Campos, vão trabalhar em Campos. Nós não vamos perseguir as pessoas. Parar com essa história de dar emprego só para ter apoio político. Se precisa dar emprego, nós vamos gerar emprego na cidade. Se precisa contratar pessoas para trabalhar na máquina pública, nós vamos contratar pessoas para trabalhar na máquina pública. Mas sem explorar essas pessoas. Sem coagir as pessoas. Sem querer mandar nessas pessoas. Garantindo liberdade para essas pessoas também. E se mais uma vez eles utilizam essa forma para ter voto, nós temos que esperar a Justiça que, pelo visto, está começando a fazer sua parte, podendo punir as pessoas que estão utilizando o Cheque Cidadão e o RPA. É garantir emprego para essas pessoas, mas não para ter voto.

Folha – Você acha que isso está acontecendo?
Rafael – Pelas denúncias, pelo que a gente está escutando, acredito que sim. Acompanhando as denúncias e tudo que está acontecendo pelo Ministério Público Eleitoral. A gente sente que as pessoas estão um pouco com medo. Esse é o grande problema dessa eleição. O governo está amedrontando o cidadão campista para não ter o direito de votar com liberdade. Eu falo isso, não é uma questão de votar no Rafael Diniz, é uma questão de dar ao cidadão o direito de votar em quem ele quiser. E o governo por ver o crescimento do nosso nome, por ver o crescimento da possibilidade de a oposição ganhar essa eleição, está amedrontando as pessoas. Amedrontando aquele que recebe Cheque Cidadão, inventando mentiras. Amedrontando aquele que utiliza a passagem a R$ 1, inventando a mentira que não vai manter a passagem a R$ 1. E amedrontando o contratado dizendo que ele vai perder seu emprego. Medo. Instituíram o medo nessa eleição e, infelizmente, isso já é um hábito desse grupo que está aí.

Folha – Você falou que sua candidatura tem crescido. A última pesquisa divulgada foi a do Gerp (a entrevista foi feita na sexta, antes da divulgação da Pro4, ontem, com Rafael na liderança), que deu empate, com a diferença de 1 ponto, irrisória diante da margem de erro. Isso indica um jogo muito igual e polarizado. Você concorda com essa análise? Você acha que ela pode te atrapalhar, te ajudar?
Rafael – Eu acho que o que a gente está sentindo na rua é o crescimento do nosso nome. De certa forma, você entende a força da máquina. Uma força que a gente sabe de onde está vindo, o que está sendo comprovado pelo Ministério Público Eleitoral e pela Polícia Federal de onde está vindo. Mas de qualquer forma, o nosso nome, graças a Deus, não para de crescer. Isso é fruto do nosso trabalho. E vamos continuar trabalhando.

Folha – Você falou sobre a tentativa de creditar à oposição uma iniciativa no Ministério Público. Em relação a você, nas redes sociais e na campanha do governo as coisas têm ficado bastante agressivas nas últimas duas semanas. Ao que você credita isso?
Rafael – Vamos voltar 30 anos. Garotinho começou a vida política dele fazendo o que ele e os pupilos dele estão fazendo 30 anos depois. Ele começou a vida política dele jogando sujo, desrespeitando a honra do meu avô, discutindo e falando mal de família. Quem instituiu esse tipo de política em Campos foi Garotinho há 30 anos. E hoje, o que o grupo dele faz, os pupilos, os comandados dele fazem também, é tentar manter esse tipo de política, que eu condeno. Quem acompanha meu mandato de vereador sabe que eu jamais desrespeitei a honra ou a pessoa dele, da família ou de qualquer pessoa, a esposa dele, que é a prefeita do município, que se diz a prefeita do município. Nunca fiz isso. A minha política é limpa, eu jogo limpo, eu jogo na bola. Obviamente, quem me conhece sabe que eu enfrento. Quando tenho de enfrentar, eu enfrento, mas não jogo sujo. A gente lamenta. Estamos vendo ataques e mais ataques, mentiras e mais mentiras, montagens de vídeo atrás de montagens de vídeos. Mas o interessante é que vemos a própria população, nas próprias redes sociais, onde esses ataques estão acontecendo, ela está cansada desse tipo de política. Tanto que a própria defesa acontece espontaneamente pelas pessoas. Elas estão repudiando esse tipo de política. Eu tenho que lamentar, entender que esse é o jogo. Quem me conhece sabe que não sou de ficar acuado e vou continuar a minha luta. Só que eu não vou jogar o jogo sujo deles. Não é esse tipo de política que defendo. Eu jogo um jogo do enfrentamento e de propor aquilo que quero para Campos. O grande problema é que eles ficaram nessa picuinha nesse tempo todo, ao invés de propor um debate melhor para Campos. É isso o que estou propondo para todas as pessoas que estão dispostas a debater uma cidade melhor.

Folha – Para o segundo turno, pelo que está sendo apontado pelas pesquisas, há a possibilidade matemática de você chegar à frente no primeiro turno. Se isso acontecer, o “pula-pula” do governo para você começa no dia seguinte?
Rafael – Não sei. Eu, Rafael, nunca passei por isso. A gente escuta, já vivemos de fora outras experiências. Eu sou aquela pessoa de trabalhar até o dia 2. Eu lembro do meu pai, ele perdeu por dois votos. Obviamente em uma candidatura a prefeito, esses dois votos podem ser transformados em um pouquinho mais, mas ainda pode ser pouco para disputa para prefeito, tanto para garantir o primeiro turno, quanto o segundo turno. Tudo pode acontecer. Estou focado nesse trabalho até a véspera do dia 2 de outubro e esperar o resultado aparecer na urna. Obviamente que isso acontecendo, estando no segundo turno, e se Deus quiser, nós queremos estar, estamos trabalhando para isso. Vamos conversar com todas as forças de oposição, com toda a sociedade, com todo o eleitor. Zera tudo e o cidadão vai ter a oportunidade, de novo, de escolher qual candidato ele quer.

Folha – A sua pré-campanha foi muito criticada por ter conseguido apenas dois partidos: Rede e PV. Outras candidaturas agregaram muito mais apoio do que a sua. Em um eventual segundo turno, esse leque precisa ser ampliado?

Rafael – Acho que toda pessoa que entender que nossa candidatura representa aquilo que Campos precisa, toda pessoa que entender que é dessa forma que nós fazemos política, vai ser bem-vinda ao nosso processo. Eu nunca fechei a porta para ninguém, sou um cara que dialoga na Câmara. Dialogo com os vereadores da oposição, com os vereadores da situação. Sempre mantive um bom relacionamento com todo mundo, basta vir para nosso campo político. Se dividirmos em etapas essa eleição, lá atrás eu me mantive firme quando começou. Qual foi a minha grande vitória naquele período pré-eleitoral de formação de coligação? Foi manter a minha candidatura de pé. E hoje, mesmo continuando com essa forma de política que estamos tentando colocar e apresentar para Campos, uma política para administrar, mas também para fazer eleição de forma diferente, a gente está liderando as pesquisas, acho que é chegar lá e conversar com todo mundo. Se mostrar aberto para todo mundo que quiser fazer a política que estamos apresentando para Campos.

Folha – Essa coisa do grupo fechado se tornou uma coisa que as pessoas falam e você rebate de maneira...
Rafael – Eu falo com as pessoas para irem lá ao nosso comitê, que funciona na minha casa, na tradicional casa do meu avô em Guarus. O que mais tem é gente lá. O que mais tem é gente nos procurando. Nossas caminhadas são as que mais têm gente, nossas reuniões estão sempre cheias de pessoas e nós temos um grupo que recebe todo mundo. Quem quiser fazer parte desse momento que, se Deus quiser, vai ser um momento histórico, vai ser bem-vindo.

Folha – Em um eventual segundo turno com Chicão, como as pesquisas apontam, como você estaria preparado se ele conseguisse mais apoio da oposição do que você?
Rafael – Vou repetir uma frase que falei na minha convenção: quem quiser fazer uma aliança com a gente, que venha, vai ser bem-vindo, desde que faça como nós fazemos a nossa política. A minha aliança, que me fez vereador, que reconheceu o meu mandato e me fez candidato a prefeito e que hoje me coloca liderando as pesquisas, é com o povo, com a população. Por isso eu acordo às 5h e vou para a rua visitar a cidade toda, como estou rodando, conversar com as pessoas. É uma aliança com as pessoas. Aquelas pessoas que estão no campo da oposição e quiserem dialogar com a situação, eles vão ter de responder por isso. Eu vou manter o meu foco, o meu tipo de campanha, conversando com as pessoas.

Folha – Embora não seja o que as pesquisas indiquem, mas e se tiver outro candidato da oposição no segundo turno, qual vai ser seu papel?

Rafael – Uma vez candidato a prefeito, você tem que entender que você é um candidato de uma cidade, de um grupo, que defende uma ideia. Se o nosso modo não for escolhido para estar no segundo turno, coisa que, se Deus quiser, não vai acontecer, eu vou estar ao lado de qualquer candidatura verdadeiramente de oposição. Temos que entender isso. Eu não voto nulo ou em branco. Posso não fazer as minhas melhores opções, não ter o direito de fazer aquilo que eu realmente queria, mas eu voto em alguém da oposição. Mas nós vamos estar no segundo turno.

Folha – Qual é o seu relacionamento pessoal e político com o candidato Caio Vianna (PDT), que se diz de oposição?
Rafael – Nunca fui amigo do Caio. A gente sempre teve um respeito muito grande. Conversei com todos os candidatos de oposição, como tenho um respeito muito grande por ele, pela família dele e por todos os outros candidatos. Nossa relação é essa, uma relação de candidatos, de políticos do nosso município.

Folha – E com o candidato Geraldo Pudim (PMDB), como é a sua relação?
Rafael – A minha aproximação com Pudim tem sido nessa eleição, quando a gente se encontra nos debates e tem sido a mais respeitosa possível.

Folha – E Nildo Cardoso (DEM)?
Rafael – Com Nildo Cardoso tenho uma relação muito próxima. Ele era um grande amigo do meu pai, é um grande amigo meu, é o líder da oposição e tenho um respeito, um carinho enorme por ele e pela família dele. Temos uma relação de pai e filho. Mais do que aproximação, temos uma relação pessoal.

Folha – Relação de pai e filho não tem dado muito certo nessa eleição...
Rafael – Sobre essa questão de pai e filho, do próprio Arnaldo e Caio, eu daria tudo para ter o meu pai ao meu lado agora. Acho que todos deveriam respeitar a relação do Caio e o Arnaldo, é uma história que é só deles. Ninguém tem nada a ver com isso. Se apoia ou não apoia, é uma relação só deles. Eu tenho que respeitar isso e cobrar o respeito das pessoas.

Folha – E parece que foi isso que determinou a queda abrupta do Caio...
Rafael – Se foi isso que determinou ou não, eu não fui o causador disso e jamais seria. Para mim vem primeiro a família. Depois vem a eleição.

Folha – Você fala que isso é só deles, mas para o eleitor isso importou.
Rafael – Pode ter importado, pode ter enfraquecido o próprio Caio, mas eu procuro ter muito cuidado. Eu tenho saudade do meu pai, muita saudade do meu pai. Queria muito estar podendo sentar para ver um jogo de futebol com ele, dar um beijo, um abraço. Então quero mais que pai e filho fiquem bem sempre. Todos os pais e filhos têm que ficar bem. Eu tenho defendido isso na rua. Quando as pessoas falam da relação do Caio com Arnaldo, eu peço respeito à relação do Caio com Arnaldo. É uma relação deles que todo mundo tem que respeitar.

Folha – Completando os candidatos de oposição, qual sua relação política e pessoal com o candidato Rogério Matoso (PPL)?

Rafael – Temos uma relação muito boa, muitos amigos em comum. O próprio irmão dele é um grande amigo de escola. Temos muitas afinidades, é uma relação muito boa.

Folha – Você falou sobre desconstrução de campanha e uma coisa que tem sido muito usado é o seu apoio a Pezão (PMDB) na campanha de 2014. A gente sabe o desgaste do governo do estado. O nome de Pezão na campanha é um ônus sem bônus?

Rafael – Não vejo, de certa forma, nem como ônus, nem como bônus. O apoio que eu dei em 2014, eu e mais de 117 mil campistas que apoiaram votando em Pezão, não foi só o Rafael Diniz. Não sou membro do grupo político de Pezão, tanto que o partido do governador que é o PMDB tem sua candidatura. A minha candidatura é outra, é por outro partido que é o PPS e é outra coligação. Não é uma questão de ônus ou de bônus. Foi uma história que aconteceu em 2014, tenho muito respeito pela pessoa do governador como tenho por todo mundo, passa por um problema agora de saúde e todo mundo tem que respeitar também, mas não é uma questão de ônus ou bônus, foi um momento de 2014 e hoje estou vivendo esse momento meu aqui.

Folha – A gente começa no domingo (ontem) uma série de debates como o da Record, da Uenf e da Inter TV. Apesar de jovem, você tem experiência de orador por ter sido vereador, exercendo mandato na Câmara ainda. Você acha que isso vai fazer a diferença nesses debates? 

Rafael – Espero que faça. Acho que você ter a oportunidade de falar para milhares de pessoas, se você puder passar bem o recado, espero que faça essa diferença sim. Espero que me ajude bastante, mas só na hora do debate que a gente vai saber como cada um vai se sair. É respeitar todos os candidatos e apresentar nossas propostas para Campos, para que o eleitor possa fazer sua opção. Lembrando que o que nós precisamos transformar em Campos também, inclusive no período eleitoral, é que cada cidadão é dono do seu voto. Parar com história de político que se acha dono do voto de todo mundo. Eu, Rafael, sou dono de um voto só, que é o meu e acabou. O máximo que posso fazer é me apresentar para as pessoas, apresentar minhas propostas, que é o que venho fazendo até hoje na nossa campanha. E que o eleitor escolha.

Folha – Antes desses debates, vocês já participaram de alguns encontros. Como você avalia esses encontros anteriores? 

Rafael – Foram oportunidades de os candidatos se encontrarem para todos apresentarem suas propostas, até para haver oportunidades de questionamentos entre as propostas e, o principal, como acabei de dizer, todo mundo já pode se conhecer. De certa forma foi uma prévia do que está para acontecer nos próximos dias, que são os principais debates. Mas achei muito produtivo, tanto na escola quanto na Apoe.

Folha – Por falar na Apoe, lá teve um episódio meio que simbólico que foi o momento que um garoto chegou a chorar durante as divergências de ideias junto com o candidato governista que está empatado com você nas pesquisas. Gostaria que você comentasse um pouco sobre aquele episódio da Apoe.
Rafael – Aquele episódio foi constrangedor, foi vergonhoso. Dr. Chicão, um pediatra de respeito na nossa cidade, temos que reconhecer, desrespeitou uma criança e fez uma criança chorar. Foi isso que aconteceu, o que é constrangedor. Se a gente está ali para debater o futuro dessa cidade e a criançada é o futuro da nossa cidade, você já começar desrespeitando uma criança, foi isso que aconteceu. E o que eu pude fazer foi mostrar ao Maicon, que ele tem o meu respeito. Falar que ele não conhece a cidade, quem vive a cidade? Quem sofre com esse desgoverno que está aí? É o Maicon. Então tem que, no mínimo, respeitar o Maicon e ouvi-lo. Esse é o grande problema desse governo que está aí, ou melhor, desgoverno do qual Doutor Chicão faz parte, não escuta as pessoas. Acham que são os donos de Campos, mas o dono dessa cidade é também o Maicon.

Folha – É inegável que nas duas últimas semanas aconteceu um fenômeno que estão chamando, na falta de melhor nome, de “onda Rafael Diniz”, você cresceu muito. Se for acompanha a série do Pro4, você deu uma patinada ali entre 11% e 13% com crescimento, mas na margem de erro, depois subiu para casa dos 20%. Subiu muito num espaço pequeno de tempo. Ao que parece é uma onda. Esse voto parece pulverizado em idade, classe social, em localização. Você vê petistas, defensores do governo da ex-presidente Dilma e do ex-presidente Lula, declarar voto a você e com o mesmo ardor de gente que vota em Bolsonaro. É uma coisa que está acima de ideologia, ao que parece. Como você vê isso?
Rafael – Eu vejo com muita satisfação e, de certa forma, vejo dando resultado aquilo que eu comecei a construir lá atrás. É o que eu falo com as pessoas e sempre falei com as pessoas. Obviamente que as discussões do plano nacional são importantes. Trata-se do nosso país, mas não podemos pensar que vamos transformar o Brasil, se não transformarmos primeiro nossa cidade. Eu sempre fiz esse questionamento. Todo campista que quer fazer essa cidade diferente tem que guardar um pouco seus ideais a nível nacional para repensarmos juntos essa cidade. O dia que o campista souber separar suas diferenças político-partidárias, suas diferenças de ideologia, e juntos repensarmos essa cidade, entendendo que o outro pode ter razão para que eu também possa ter razão, a gente vai começar a transformar essa cidade. Para transformar o Brasil, a gente precisa transformar Campos primeiro. Aí eu lembro do meu saudoso pai: o município é o princípio da nação. Quer transformar o Brasil? Transforma Campos primeiro.

Folha – Na sua coligação, a projeção é que faça dois, no máximo três vereadores. Se forem feitos três, sendo 25 cadeiras, como vai ser a relação do prefeito com a Câmara?

Rafael – Minha relação com a Câmara vai ser exatamente aquela que eu sempre cobrei enquanto vereador. Somos poderes independentes, que devemos trabalhar de forma harmônica. Entender que a Câmara é um poder constituído e eu, enquanto futuro poder executivo, tenho que respeitar as decisões da Câmara para que a Câmara possa respeitar as minhas decisões. E se eu enquanto prefeito quero o melhor para minha cidade e tenho certeza, ou pelo menos espero, que os vereadores eleitos também queiram o melhor para a cidade. Agora é parar com aquela história de pegar um projeto e mandar de imediato, de emergência, para a Câmara. Obviamente que existem alguns casos, as ressalvas que vamos ter que fazer, mas vamos estar lá debatendo com os vereadores, apresentando os projetos aos vereadores e trazendo os vereadores para perto. Entender que eles podem administrar comigo. Eles não querem o bem para os bairros deles, para as localidades deles, para a população, para os eleitores deles? Todos os bairros e localidades são localidades de Campos, a cidade onde vou ser prefeito, se Deus quiser. Todos os eleitores deles são eleitores e cidadãos de Campos. Eleitores e cidadãos da cidade que eu vou ser prefeito, se Deus quiser. Então é abrir para eles o debate, mostrar para eles que eles podem sim discutir e governar com a gente, sempre olhando no olho, falando a verdade, “sim, sim”, “não, não".

Folha – Pergunto isso, sobretudo, porque a gente tem exemplos nacionais como agora o impeachment da presidente Dilma, tem exemplos aqui em municípios vizinhos como Itaocara onde o prefeito do Psol praticamente não conseguiu governar, foi afastado pela Câmara depois voltou. Quer dizer, essa relação com o legislativo pode levar a inviabilidade ou até mesmo o afastamento do chefe do poder executivo. Como você espera que essa relação se dê?

Rafael – Como eu falei, eu vou tentar de todas as formas trazer todas as pessoas para perto para debatermos e dialogarmos sobre a nossa cidade. Tenho certeza que boa parte vai querer isso. Aquelas que não quiserem, vamos garantir o direito de fazer uma oposição. Desde que faça uma oposição responsável, como sempre fiz. Votando favorável pelo que é bom para Campos, como sempre fiz, nunca votei contra aquilo que considerei bom para Campos, mesmo sendo projeto da prefeita ou de qualquer vereador governista, como por exemplo a questão da revisão das dívidas do município, nós fomos lá e aprovamos o projeto; projetos em relação à Cheque Cidadão, nós tivemos lá e tudo que precisou ser feito, a gente fez. Obviamente que foram poucos os projetos pensando nessa cidade que o governo apresentou, mas tudo que foi colocar a favor do município que nós de oposição entendemos ser necessário, nós fizemos. Agora espero que eles façam também e quem quiser ser oposição a gente, que seja. Mas eu sou um cara muito pé no chão e tem muita água para passar embaixo dessa ponte antes da gente chegar lá. Deixa chegar dia 2 de outubro primeiro.

Folha – Passagem social e cheque cidadão, você se comprometeu, dentro de critérios de fiscalização, a manter os programas. Você acha que vai encontrar viabilidade financeira pra isso?

Rafael – A administração de Campos hoje é uma caixa preta. Caixa preta essa que eu vivo tentando desvendar ou abrir durante o meu mandato de vereador. Por várias vezes entrei com pedidos de informação na Câmara e não consegui ter acesso a essas respostas. A nossa primeira medida será uma auditoria. Mas deixar claro, isso é importante, auditoria não tem nada a ver com caça às bruxas, revanchismo, perseguição a quem quer que seja. É uma oportunidade que eu vou ter de entender o que esse desgoverno fez com a nossa cidade. E a partir daí tomarmos pé da situação, diagnosticarmos toda a situação do município e tomarmos as medidas que vamos poder fazer. Pelo que a gente vê são duas coisas que eu enxergo: o empréstimo a ser pago, então que de certa forma estamos pendurados em juros altíssimos, pela irresponsabilidade deste desgoverno que aí está, e da outra forma também são vários contratos que a gente vê a Prefeitura está pagando, cumprindo com esses contratos, contratos que a gente considera desnecessários. Então, eu prefiro me apegar neste caminho que nós temos de solução. Quando a gente fala em crise, nós temos que redimensionar as dívidas e gerar receita. Por isso que um dos nossos programas é criar um escritório de elaboração de projetos estratégicos. O que é isso? Um corpo técnico para criar projetos que possam captar recursos na esfera pública e na esfera privada. Trazer parceiros para Campos.

Folha – A Prefeitura está quebrada? O que você espera encontrar?

Rafael – A administração de Campos está quebrada. E se não fossem os nossos heróis servidores a situação estaria muito pior. E nós precisamos tirar essa cidade do buraco. Nós vamos unir todos os cidadãos campistas para tirar essa cidade do buraco. Foi uma das poucas vezes que a prefeita Rosinha conseguiu falar a verdade foi quando ela admitiu que a cidade estava no buraco. Valorizar o servidor, dar estrutura ao servidor, porque é ao lado do servidor que vamos reerguer essa administração, que hoje está quebrada por causa desse desgoverno que hoje aí está.

Folha – Na última entrevista, a gente fez uma analogia entre você e o presidente estadunidense, Barack Obama, no que se refere, especialmente, à utilização de mídia social. A campanha dele, há oito anos, inovou. Ganhou a eleição com mídia social e blogs. E você respondeu a esta analogia, usando o slogan dele “yes, we can”. Vocês poderão? Como?

Rafael – A gente vem demonstrando nas redes sociais que é possível. Já estamos alcançando 26 mil seguidores, de forma orgânica, de livre e espontânea vontade, 26 mil campistas nos seguem. Faço um ao vivo diariamente, de segunda a sexta, e só ontem (quinta-feira, dia 22) batemos o recorde de quase 470 pessoas ao vivo nos acompanhando e interagindo com a gente. Garotinho tem 170 mil seguidores e interagem com ele ao vivo 80 pessoas. Então acho que estamos mostrando nossa força aí, pela rede social. Mas disse lá atrás: quem vai mostrar o que isso tudo representa é a urna, no dia 2 de outubro. Mas, até lá, toda forma de conquistar votos, que seja legal e moral, eu vou utilizar. E, se a rede social é uma dessas, eu estou utilizando desde cedo e tentar apresentar meu nome para as pessoas. Se eu só tenho 38 segundos de TV, o que eu tenho que depende de mim? Uma coisa que todo cidadão tem, que é a rede social, que está sendo muito bem trabalhada, sola de sapato – tive que mandar minha bota esses dias para ser reformada para poder continuar usando, garganta, voz, olhar, correr para lá, correr para cá, e é isso que estou fazendo.

Folha – Você falou também que Garotinho tinha uma paixão a ser analisada pelo seu avô, que passou para você. Garotinho surge na política como candidato a vereador, teve uma bela votação, não se elegeu porque era do PT, não tinha legenda, depois foi a deputado em 86 e, em 88, ele se elegeu prefeito de Campos, derrotando seu avô e ali marcou o final da carreira de Zezé como protagonista. Vinte e seis anos depois, vem você, que é neto de Zezé, filho de outro político de oposição a ele na Câmara, Sérgio Diniz, e você está apontando nas pesquisas como possibilidade de derrotar o Garotismo. Já perguntei isso antes, mas é meio tragédia grega. É destino?

Rafael – Meu destino, com relação à política, começou a ser traçado lá atrás, no dia em que Papai do Céu, em quem eu confio muito, me colocou como neto de Zezé Barbosa e filho de Sérgio Diniz. Muito tempo depois, quando meu pai estava pronto para ser candidato, veio a falecer. Assumi essa responsabilidade, que já era um sonho que dividia com ele lá atrás. E virei candidato a vereador. Quatro anos depois, hoje me coloco como candidato a prefeito. Disse para você da outra vez e volto a dizer. Muitas pessoas que viveram essa história lá atrás, se apegam a isso: o neto de Zezé Barbosa fazer com Garotinho, o que Garotinho fez com Zezé Barbosa. Mas disse e repito: não é isso que me motiva. Se tenho que passar por isso para chegar ao meu objetivo maior, e já vou dizer qual é meu objetivo, vamos ter que passar por isso. É uma página a ser virada.

Folha – O Garotismo é uma página a ser virada?

Rafael – É uma página a ser virada. É uma página que precisa ser virada. Mas, meu objetivo maior, não é derrotar o Garotinho ou o Garotismo. É reconstruir essa cidade. É devolver para o verdadeiro dono de Campos essa cidade, que é o cidadão campista. Esse que é meu objetivo maior. É buscar alternativas para diminuirmos dependência dos royalties. Agricultura, Ciência e Tecnologia, Turismo, as novas tecnologias, fortalecer o comércio, trazer indústrias para Campos, gerar empregos, oportunidades. É isso tudo que eu quero fazer. Dar importância a Campos de novo. Devolver o orgulho de ser campista para o campista. Se Garotinho é hoje a página a ser virada para isso, vamos trabalhar para virar essa página. Mas sempre respeitando todas as pessoas. Sempre enfrentando quem precisa ser enfrentado e, quem me conhece sabe, que enfrento, mas virando essa página. O campista tem que ter orgulho da sua terra. Liberdade para pensar, falar e fazer suas escolhas. Eu quero ser o prefeito de Campos, não quero ser o dono de Campos. Quero ser o prefeito das pessoas, não o dono do cidadão campista.

Suzy Monteiro, Alexandre Bastos e Arnaldo NetoFoto: Rodrigo Silveira“Esse grupo político pega mentira. Mentira atrás de mentira, para tentar denegrir a imagem da oposição. Isso eu posso falar por todos os colegas candidatos da oposição”, dispara Rafael Diniz, candidato à Prefeitura de Campos pelo PPS, ao comentar sobre a tentativa dos de ligar aos oposicionistas a suspensão do Cheque Cidadão. Primeiro entrevistado na série da Folha com os candidatos à Prefeitura, Rafael comentou sobre pesquisas e o clima tenso da campanha. Para ele, quem está “jogando sujo” é o secretário de Governo Anthony Garotinho (PR). “Quem instituiu esse tipo de política em Campos foi Garotinho há 30 anos. E hoje, o que o grupo dele faz, os pupilos, os comandados dele fazem também”, afirmou Diniz, que também falou sobre propostas “para implementar uma gestão diferente em nosso município”.Folha da Manhã – Esta entrevista vai ser publicada na segunda, mas está sendo realizada na sexta. Algumas horas atrás o governo Rosinha (PR) teve uma secretária, a coordenadora do Cheque Cidadão e outras oito pessoas beneficiadas pelo programa foram presas pela Polícia Federal pelo uso do programa como moeda de troca eleitoral. O que você sabe dessa operação? Qual a sua opinião sobre isso?Rafael Diniz – Com a correria da campanha, eu acompanhei olhando rapidamente os blogs. Mas o que a gente tem acompanhado é esse uso irresponsável do Cheque Cidadão para ter voto. O que eu tenho defendido na campanha é a manutenção do Cheque Cidadão, mas de forma responsável. Ofertar o Cheque Cidadão para as famílias que precisam. Tem muita família que não precisa e está recebendo no lugar de família que precisa. Quero garantir para as pessoas a manutenção desse programa que é tão importante. Não podemos admitir o que está acontecendo na nossa cidade. Mais uma vez Campos ocupando as páginas de polícia em termos de eleição.

Folha – O Governo tem uma base de proteção social muito forte. O Cheque Cidadão, a Passagem a R$ 1.Rafael – Eu tenho defendido que nós temos que manter os programas sociais. Só que nós temos que ir além, melhorar os programas sociais. Manter Cheque Cidadão, manter passagem a R$ 1, continuar a construir casas populares, conjuntos habitacionais. Mas temos que melhorar. Por exemplo, é garantir o Cheque Cidadão para as famílias que precisam e mais que isso, gerar oportunidade de emprego para as pessoas. Nós temos que garantir a passagem e, mais que isso, colocar ônibus nos bairros. Hoje não tem ônibus nos bairros, mesmo com uma passagem barata. Mais que oferecer casas populares, nós temos que oferecer lar para as pessoas. Nos conjuntos habitacionais, levar junto com as casas, saúde, educação, segurança, transporte público, dignidade, saneamento básico. Manter os programas sociais, mas fazer diferente: melhorar e ampliar os programas sociais.

Folha – Sobre o Cheque Cidadão, nessa sexta, um jornal de Campos teve a seguinte manchete: “Oposição faz Justiça suspender Cheque Cidadão”. O proponente da ação é o Ministério Público Eleitoral. Seis dos setes promotores.Rafael – O primeiro a denunciar fraude no Cheque Cidadão foi Garotinho, lá atrás. Denunciou e não fez nada. Agora quem está fazendo é o Ministério Público Eleitoral. E mais uma vez esse governo, esse desgoverno, esse grupo político, pega mentira. Mentira atrás de mentira, para tentar denegrir a imagem da oposição. Isso eu posso falar por todos os colegas candidatos da oposição. Tentam dizer que só eles vão manter os programas sociais. É mentira. Eles têm que falar deles. E mais uma vez vem na capa do jornal, o jornal deles, dizer que foi a oposição. A oposição não, foi o Ministério Público Eleitoral. Fez uma investigação e através da Polícia Federal está prendendo as pessoas que possivelmente possam estar envolvidas em um absurdo como esse, explorando as pessoas para ter voto.

Folha – Além do Cheque Cidadão, teve a contratação por recebimento de autônomos, por RPA, foi alvo de ação. Como é que você esta questão dos RPAs?Rafael – Campos tem que contratar pessoas para trabalhar. Tem que valorizar, garantir o concurso público. Eu sou um defensor do concurso público, mas existem funções que tem que ser por contratação temporária. As pessoas que querem trabalhar em Campos, vão trabalhar em Campos. Nós não vamos perseguir as pessoas. Parar com essa história de dar emprego só para ter apoio político. Se precisa dar emprego, nós vamos gerar emprego na cidade. Se precisa contratar pessoas para trabalhar na máquina pública, nós vamos contratar pessoas para trabalhar na máquina pública. Mas sem explorar essas pessoas. Sem coagir as pessoas. Sem querer mandar nessas pessoas. Garantindo liberdade para essas pessoas também. E se mais uma vez eles utilizam essa forma para ter voto, nós temos que esperar a Justiça que, pelo visto, está começando a fazer sua parte, podendo punir as pessoas que estão utilizando o Cheque Cidadão e o RPA. É garantir emprego para essas pessoas, mas não para ter voto.

Folha – Você acha que isso está acontecendo?Rafael – Pelas denúncias, pelo que a gente está escutando, acredito que sim. Acompanhando as denúncias e tudo que está acontecendo pelo Ministério Público Eleitoral. A gente sente que as pessoas estão um pouco com medo. Esse é o grande problema dessa eleição. O governo está amedrontando o cidadão campista para não ter o direito de votar com liberdade. Eu falo isso, não é uma questão de votar no Rafael Diniz, é uma questão de dar ao cidadão o direito de votar em quem ele quiser. E o governo por ver o crescimento do nosso nome, por ver o crescimento da possibilidade de a oposição ganhar essa eleição, está amedrontando as pessoas. Amedrontando aquele que recebe Cheque Cidadão, inventando mentiras. Amedrontando aquele que utiliza a passagem a R$ 1, inventando a mentira que não vai manter a passagem a R$ 1. E amedrontando o contratado dizendo que ele vai perder seu emprego. Medo. Instituíram o medo nessa eleição e, infelizmente, isso já é um hábito desse grupo que está aí.Folha – Você falou que sua candidatura tem crescido. A última pesquisa divulgada foi a do Gerp (a entrevista foi feita na sexta, antes da divulgação da Pro4, ontem, com Rafael na liderança), que deu empate, com a diferença de 1 ponto, irrisória diante da margem de erro. Isso indica um jogo muito igual e polarizado. Você concorda com essa análise? Você acha que ela pode te atrapalhar, te ajudar?Rafael – Eu acho que o que a gente está sentindo na rua é o crescimento do nosso nome. De certa forma, você entende a força da máquina. Uma força que a gente sabe de onde está vindo, o que está sendo comprovado pelo Ministério Público Eleitoral e pela Polícia Federal de onde está vindo. Mas de qualquer forma, o nosso nome, graças a Deus, não para de crescer. Isso é fruto do nosso trabalho. E vamos continuar trabalhando. Folha – Você falou sobre a tentativa de creditar à oposição uma iniciativa no Ministério Público. Em relação a você, nas redes sociais e na campanha do governo as coisas têm ficado bastante agressivas nas últimas duas semanas. Ao que você credita isso?Rafael – Vamos voltar 30 anos. Garotinho começou a vida política dele fazendo o que ele e os pupilos dele estão fazendo 30 anos depois. Ele começou a vida política dele jogando sujo, desrespeitando a honra do meu avô, discutindo e falando mal de família. Quem instituiu esse tipo de política em Campos foi Garotinho há 30 anos. E hoje, o que o grupo dele faz, os pupilos, os comandados dele fazem também, é tentar manter esse tipo de política, que eu condeno. Quem acompanha meu mandato de vereador sabe que eu jamais desrespeitei a honra ou a pessoa dele, da família ou de qualquer pessoa, a esposa dele, que é a prefeita do município, que se diz a prefeita do município. Nunca fiz isso. A minha política é limpa, eu jogo limpo, eu jogo na bola. Obviamente, quem me conhece sabe que eu enfrento. Quando tenho de enfrentar, eu enfrento, mas não jogo sujo. A gente lamenta. Estamos vendo ataques e mais ataques, mentiras e mais mentiras, montagens de vídeo atrás de montagens de vídeos. Mas o interessante é que vemos a própria população, nas próprias redes sociais, onde esses ataques estão acontecendo, ela está cansada desse tipo de política. Tanto que a própria defesa acontece espontaneamente pelas pessoas. Elas estão repudiando esse tipo de política. Eu tenho que lamentar, entender que esse é o jogo. Quem me conhece sabe que não sou de ficar acuado e vou continuar a minha luta. Só que eu não vou jogar o jogo sujo deles. Não é esse tipo de política que defendo. Eu jogo um jogo do enfrentamento e de propor aquilo que quero para Campos. O grande problema é que eles ficaram nessa picuinha nesse tempo todo, ao invés de propor um debate melhor para Campos. É isso o que estou propondo para todas as pessoas que estão dispostas a debater uma cidade melhor.

Folha – Para o segundo turno, pelo que está sendo apontado pelas pesquisas, há a possibilidade matemática de você chegar à frente no primeiro turno. Se isso acontecer, o “pula-pula” do governo para você começa no dia seguinte?Rafael – Não sei. Eu, Rafael, nunca passei por isso. A gente escuta, já vivemos de fora outras experiências. Eu sou aquela pessoa de trabalhar até o dia 2. Eu lembro do meu pai, ele perdeu por dois votos. Obviamente em uma candidatura a prefeito, esses dois votos podem ser transformados em um pouquinho mais, mas ainda pode ser pouco para disputa para prefeito, tanto para garantir o primeiro turno, quanto o segundo turno. Tudo pode acontecer. Estou focado nesse trabalho até a véspera do dia 2 de outubro e esperar o resultado aparecer na urna. Obviamente que isso acontecendo, estando no segundo turno, e se Deus quiser, nós queremos estar, estamos trabalhando para isso. Vamos conversar com todas as forças de oposição, com toda a sociedade, com todo o eleitor. Zera tudo e o cidadão vai ter a oportunidade, de novo, de escolher qual candidato ele quer.

Folha – A sua pré-campanha foi muito criticada por ter conseguido apenas dois partidos: Rede e PV. Outras candidaturas agregaram muito mais apoio do que a sua. Em um eventual segundo turno, esse leque precisa ser ampliado?Rafael – Acho que toda pessoa que entender que nossa candidatura representa aquilo que Campos precisa, toda pessoa que entender que é dessa forma que nós fazemos política, vai ser bem-vinda ao nosso processo. Eu nunca fechei a porta para ninguém, sou um cara que dialoga na Câmara. Dialogo com os vereadores da oposição, com os vereadores da situação. Sempre mantive um bom relacionamento com todo mundo, basta vir para nosso campo político. Se dividirmos em etapas essa eleição, lá atrás eu me mantive firme quando começou. Qual foi a minha grande vitória naquele período pré-eleitoral de formação de coligação? Foi manter a minha candidatura de pé. E hoje, mesmo continuando com essa forma de política que estamos tentando colocar e apresentar para Campos, uma política para administrar, mas também para fazer eleição de forma diferente, a gente está liderando as pesquisas, acho que é chegar lá e conversar com todo mundo. Se mostrar aberto para todo mundo que quiser fazer a política que estamos apresentando para Campos. 

Folha – Essa coisa do grupo fechado se tornou uma coisa que as pessoas falam e você rebate de maneira...Rafael – Eu falo com as pessoas para irem lá ao nosso comitê, que funciona na minha casa, na tradicional casa do meu avô em Guarus. O que mais tem é gente lá. O que mais tem é gente nos procurando. Nossas caminhadas são as que mais têm gente, nossas reuniões estão sempre cheias de pessoas e nós temos um grupo que recebe todo mundo. Quem quiser fazer parte desse momento que, se Deus quiser, vai ser um momento histórico, vai ser bem-vindo. 

Folha – Em um eventual segundo turno com Chicão, como as pesquisas apontam, como você estaria preparado se ele conseguisse mais apoio da oposição do que você?Rafael – Vou repetir uma frase que falei na minha convenção: quem quiser fazer uma aliança com a gente, que venha, vai ser bem-vindo, desde que faça como nós fazemos a nossa política. A minha aliança, que me fez vereador, que reconheceu o meu mandato e me fez candidato a prefeito e que hoje me coloca liderando as pesquisas, é com o povo, com a população. Por isso eu acordo às 5h e vou para a rua visitar a cidade toda, como estou rodando, conversar com as pessoas. É uma aliança com as pessoas. Aquelas pessoas que estão no campo da oposição e quiserem dialogar com a situação, eles vão ter de responder por isso. Eu vou manter o meu foco, o meu tipo de campanha, conversando com as pessoas. 

Folha – Embora não seja o que as pesquisas indiquem, mas e se tiver outro candidato da oposição no segundo turno, qual vai ser seu papel?Rafael – Uma vez candidato a prefeito, você tem que entender que você é um candidato de uma cidade, de um grupo, que defende uma ideia. Se o nosso modo não for escolhido para estar no segundo turno, coisa que, se Deus quiser, não vai acontecer, eu vou estar ao lado de qualquer candidatura verdadeiramente de oposição. Temos que entender isso. Eu não voto nulo ou em branco. Posso não fazer as minhas melhores opções, não ter o direito de fazer aquilo que eu realmente queria, mas eu voto em alguém da oposição. Mas nós vamos estar no segundo turno.

Folha – Qual é o seu relacionamento pessoal e político com o candidato Caio Vianna (PDT), que se diz de oposição?Rafael – Nunca fui amigo do Caio. A gente sempre teve um respeito muito grande. Conversei com todos os candidatos de oposição, como tenho um respeito muito grande por ele, pela família dele e por todos os outros candidatos. Nossa relação é essa, uma relação de candidatos, de políticos do nosso município.Folha – E com o candidato Geraldo Pudim (PMDB), como é a sua relação?Rafael – A minha aproximação com Pudim tem sido nessa eleição, quando a gente se encontra nos debates e tem sido a mais respeitosa possível.Folha – E Nildo Cardoso (DEM)?Rafael – Com Nildo Cardoso tenho uma relação muito próxima. Ele era um grande amigo do meu pai, é um grande amigo meu, é o líder da oposição e tenho um respeito, um carinho enorme por ele e pela família dele. Temos uma relação de pai e filho. Mais do que aproximação, temos uma relação pessoal. 

Folha – Relação de pai e filho não tem dado muito certo nessa eleição...Rafael – Sobre essa questão de pai e filho, do próprio Arnaldo e Caio, eu daria tudo para ter o meu pai ao meu lado agora. Acho que todos deveriam respeitar a relação do Caio e o Arnaldo, é uma história que é só deles. Ninguém tem nada a ver com isso. Se apoia ou não apoia, é uma relação só deles. Eu tenho que respeitar isso e cobrar o respeito das pessoas.

Folha – E parece que foi isso que determinou a queda abrupta do Caio...Rafael – Se foi isso que determinou ou não, eu não fui o causador disso e jamais seria. Para mim vem primeiro a família. Depois vem a eleição.

Folha – Você fala que isso é só deles, mas para o eleitor isso importou.Rafael – Pode ter importado, pode ter enfraquecido o próprio Caio, mas eu procuro ter muito cuidado. Eu tenho saudade do meu pai, muita saudade do meu pai. Queria muito estar podendo sentar para ver um jogo de futebol com ele, dar um beijo, um abraço. Então quero mais que pai e filho fiquem bem sempre. Todos os pais e filhos têm que ficar bem. Eu tenho defendido isso na rua. Quando as pessoas falam da relação do Caio com Arnaldo, eu peço respeito à relação do Caio com Arnaldo. É uma relação deles que todo mundo tem que respeitar. 

Folha – Completando os candidatos de oposição, qual sua relação política e pessoal com o candidato Rogério Matoso (PPL)?Rafael – Temos uma relação muito boa, muitos amigos em comum. O próprio irmão dele é um grande amigo de escola. Temos muitas afinidades, é uma relação muito boa.

Folha – Você falou sobre desconstrução de campanha e uma coisa que tem sido muito usado é o seu apoio a Pezão (PMDB) na campanha de 2014. A gente sabe o desgaste do governo do estado. O nome de Pezão na campanha é um ônus sem bônus?Rafael – Não vejo, de certa forma, nem como ônus, nem como bônus. O apoio que eu dei em 2014, eu e mais de 117 mil campistas que apoiaram votando em Pezão, não foi só o Rafael Diniz. Não sou membro do grupo político de Pezão, tanto que o partido do governador que é o PMDB tem sua candidatura. A minha candidatura é outra, é por outro partido que é o PPS e é outra coligação. Não é uma questão de ônus ou de bônus. Foi uma história que aconteceu em 2014, tenho muito respeito pela pessoa do governador como tenho por todo mundo, passa por um problema agora de saúde e todo mundo tem que respeitar também, mas não é uma questão de ônus ou bônus, foi um momento de 2014 e hoje estou vivendo esse momento meu aqui.

Folha – A gente começa no domingo (ontem) uma série de debates como o da Record, da Uenf e da Inter TV. Apesar de jovem, você tem experiência de orador por ter sido vereador, exercendo mandato na Câmara ainda. Você acha que isso vai fazer a diferença nesses debates? Rafael – Espero que faça. Acho que você ter a oportunidade de falar para milhares de pessoas, se você puder passar bem o recado, espero que faça essa diferença sim. Espero que me ajude bastante, mas só na hora do debate que a gente vai saber como cada um vai se sair. É respeitar todos os candidatos e apresentar nossas propostas para Campos, para que o eleitor possa fazer sua opção. Lembrando que o que nós precisamos transformar em Campos também, inclusive no período eleitoral, é que cada cidadão é dono do seu voto. Parar com história de político que se acha dono do voto de todo mundo. Eu, Rafael, sou dono de um voto só, que é o meu e acabou. O máximo que posso fazer é me apresentar para as pessoas, apresentar minhas propostas, que é o que venho fazendo até hoje na nossa campanha. E que o eleitor escolha.

Folha – Antes desses debates, vocês já participaram de alguns encontros. Como você avalia esses encontros anteriores? Rafael – Foram oportunidades de os candidatos se encontrarem para todos apresentarem suas propostas, até para haver oportunidades de questionamentos entre as propostas e, o principal, como acabei de dizer, todo mundo já pode se conhecer. De certa forma foi uma prévia do que está para acontecer nos próximos dias, que são os principais debates. Mas achei muito produtivo, tanto na escola quanto na Apoe. 

Folha – Por falar na Apoe, lá teve um episódio meio que simbólico que foi o momento que um garoto chegou a chorar durante as divergências de ideias junto com o candidato governista que está empatado com você nas pesquisas. Gostaria que você comentasse um pouco sobre aquele episódio da Apoe.Rafael – Aquele episódio foi constrangedor, foi vergonhoso. Dr. Chicão, um pediatra de respeito na nossa cidade, temos que reconhecer, desrespeitou uma criança e fez uma criança chorar. Foi isso que aconteceu, o que é constrangedor. Se a gente está ali para debater o futuro dessa cidade e a criançada é o futuro da nossa cidade, você já começar desrespeitando uma criança, foi isso que aconteceu. E o que eu pude fazer foi mostrar ao Maicon, que ele tem o meu respeito. Falar que ele não conhece a cidade, quem vive a cidade? Quem sofre com esse desgoverno que está aí? É o Maicon. Então tem que, no mínimo, respeitar o Maicon e ouvi-lo. Esse é o grande problema desse governo que está aí, ou melhor, desgoverno do qual Doutor Chicão faz parte, não escuta as pessoas. Acham que são os donos de Campos, mas o dono dessa cidade é também o Maicon.

Folha – É inegável que nas duas últimas semanas aconteceu um fenômeno que estão chamando, na falta de melhor nome, de “onda Rafael Diniz”, você cresceu muito. Se for acompanha a série do Pro4, você deu uma patinada ali entre 11% e 13% com crescimento, mas na margem de erro, depois subiu para casa dos 20%. Subiu muito num espaço pequeno de tempo. Ao que parece é uma onda. Esse voto parece pulverizado em idade, classe social, em localização. Você vê petistas, defensores do governo da ex-presidente Dilma e do ex-presidente Lula, declarar voto a você e com o mesmo ardor de gente que vota em Bolsonaro. É uma coisa que está acima de ideologia, ao que parece. Como você vê isso?

Rafael – Eu vejo com muita satisfação e, de certa forma, vejo dando resultado aquilo que eu comecei a construir lá atrás. É o que eu falo com as pessoas e sempre falei com as pessoas. Obviamente que as discussões do plano nacional são importantes. Trata-se do nosso país, mas não podemos pensar que vamos transformar o Brasil, se não transformarmos primeiro nossa cidade. Eu sempre fiz esse questionamento. Todo campista que quer fazer essa cidade diferente tem que guardar um pouco seus ideais a nível nacional para repensarmos juntos essa cidade. O dia que o campista souber separar suas diferenças político-partidárias, suas diferenças de ideologia, e juntos repensarmos essa cidade, entendendo que o outro pode ter razão para que eu também possa ter razão, a gente vai começar a transformar essa cidade. Para transformar o Brasil, a gente precisa transformar Campos primeiro. Aí eu lembro do meu saudoso pai: o município é o princípio da nação. Quer transformar o Brasil? Transforma Campos primeiro. 

Folha – Na sua coligação, a projeção é que faça dois, no máximo três vereadores. Se forem feitos três, sendo 25 cadeiras, como vai ser a relação do prefeito com a Câmara?Rafael – Minha relação com a Câmara vai ser exatamente aquela que eu sempre cobrei enquanto vereador. Somos poderes independentes, que devemos trabalhar de forma harmônica. Entender que a Câmara é um poder constitu&iac








Fonte: Folha da Manhã