A política sanjoanense vai escrever mais uma página em sua história no dia 2 de outubro. Dessa vez, uma história que vai do afeto ao desafeto, e da amizade a inimizade. Assim passou a ser a relação entre a ex-prefeita Carla Machado (PP) e o atual prefeito José Amaro Martins de Souza, o Neco (PMDB).
A carreira política de Neco começou em 1996, ano em que ele se elegeu vereador pela primeira vez, com o apadrinhamento do então prefeito de São João da Barra, Ranulfo Vidigal. Ele apoiou, na época, a candidatura de Ditinho Campista a prefeito. No mesmo ano, Carla conquistou o seu primeiro e único mandato de vereadora, e tinha como aliado o ex-prefeito Betinho Dauaire, que venceu as eleições naquele ano.
Ambos calouros de vereança, Carla e Neco, tiveram o primeiro embate durante a eleição da presidência da Câmara no ano de 1998, onde Carla conquistou o cargo de presidente após uma grande articulação, que acabou tirando de Neco, a oportunidade de ser presidente.
Em 1997, após assumir a presidência da Câmara, Carla rachou com o governo Betinho, e passou a integrar o grupo de oposição em que Neco Fazia parte.
Em um passado não tão distante, mas precisamente nas eleições do ano 2000, Carla assumiu a liderança da oposição no lugar de Ditinho Campista, concorreu como candidata a prefeita contra Betinho Dauaire, que era candidato a reeleição. Betinho saiu vitorioso da disputa, Carla e Neco seguiram juntos,
No final do segundo mandato, em 2004, Betinho indicou para concorrer a sua sucessão o empresário Ari Pessanha, e Carla teria que enfrentar nas urnas, além da máquina administrativa, um adversário com força financeira. Já Neco concorreu ao seu terceiro mandato, apoiando mais uma vez Carla para prefeita. Dessa vez, os dois saíram vitoriosos, Carla foi eleita prefeita e Neco vereador, pela terceira vez. A parceria rendeu a Neco a presidência da Câmara por dois mandatos, 2005 à 2006, e 2007 à 2008. Daí em diante Neco passou a ser o fiel escudeiro de Carla, como presidente, durante todo o seu primeiro mandato, Neco deu todo o respaldo necessário para que Carla fizesse uma administração bem avaliada, que acabou levando-a reeleição em 2008, e Neco como o vereador pela quarta vez, sendo o mais votado.
Com a saída do então vereador Alexandre Rosa do grupo do governo, para integrar à época o G5 (grupo de 5 vereadores de oposição), e assumir a presidência da Câmara, Neco ganhou força com Carla e seu grupo, logo começou a ser cotado como o preferido para ser candidato à sucessão.
No início de 2011, Alexandre Rosa foi reintegrado ao grupo governista, mas com pouca força política, Carla lançou três nomes como pré-candidatos para a sua sucessão, Neco, Aluizio Siqueira e Alexandre Rosa. Durante quase um ano os três fizeram pré-campanha para prefeito, o critério utilizado à época, segundo o grupo governista, foi uma pesquisa de opinião pública que apontou Neco como o favorito para disputar a eleição para prefeito.
Neco foi então indicado, em convenção, como candidato a prefeito do PMDB, e Alexandre Rosa como candidato a vice, para as eleições de 2012. Muitas foram as promessas de lealdade companheirismo de ambas as partes, Carla foi a coordenadora da campanha de Neco e Alexandre, e mais uma vez o PMDB elegeu o seu prefeito.
O que se sabe é que a parceria de Carla e Neco teria durado até a eleição de 2012, após isso, houve um distanciamento dos dois. Apesar de muitos boatos de rompimento, à época, os dois se mantinham em silêncio. No aniversário de Carla, em 2013, Neco chegou junto com ela, parecendo que os dois estariam reatando a parceria política. Mas em 2014, com a eleição de deputado, o silêncio foi quebrado, ambos começaram a soltar farpas contra o outro. Carla veio como candidata a deputada estadual pelo PT e obteve 24.849 votos (0.31%), mas sem o apoio de Neco, que fez campanha para Paulo Melo, candidato do PMDB. A briga entre os dois ficou ainda mais quente depois que Neco passou a contar como aliados os vereadores Kaká e Franquis Areas. Carla já tinha ao seu lado o vereador Ronaldo, e depois passou a contar com Aluizio Siqueira, Alex Firme, Soninha Pereira e Jonas.
Com a mudança da Lei Eleitoral que diminuiu o prazo de filiação partidária de um ano para seis meses, Carla começou a articular com lideranças políticas para que largassem o governo e caminhassem com ela, após o prazo final de filiação. Isso fez com que Neco perdesse vários nomes de peso da política sanjoanense para Carla.
Será a disputa de criador e criatura. De certo, será mais uma página na história da política sanjoanense que será contada por muitos anos. O que mais importa nessa história é que o povo sanjoanense possa escolher, de forma democrática, aquele que esteja mais preparado para contribuir com o desenvolvimento de São João da Barra.
Fonte: Parahybano
Fonte: Parahybano