(Foto: Tercio Teixeira | Folha da Manhã) |
“O canal Campos-Macaé tem a cara do governo. Usa uma maquiagem milionária, mas por dentro está podre”, disparou o médico sanitarista Erik Schunk, ao comentar sobre a foto publicada na capa dessa segunda-feira (7) da Folha, que mostrou o leito sólido e sujeira para todos os lados. Em contrapartida, o subsecretário municipal de Desenvolvimento Ambiental, Zacarias Albuquerque, garante que o canal passa por uma operação chamada Esgoto Zero, e em breve estará em excelente condições.
O canal Campos-Macaé, inaugurado em 1861, foi uma das grandes obras da época do império. Construído com 106 km pelas mãos de escravos, é considerado o segundo maior canal artificial do mundo, superado apenas pelo canal de Suez, no Egito, com 163 km. Inclusive, as obras chegaram a ser acompanhadas de perto pelo imperador Dom Pedro II. Agora, após 155 anos, apesar de um investimento em torno de R$ 20 milhões, para colocação de arcos iluminados, entre outras intervenções, a situação sanitária não é das melhores.
— O risco sanitário existe há muito tempo. Quem reside ou tem um comércio nas proximidades sabe da proliferação de ratos e baratas. Fizeram a obra para embelezar antes de pensar em uma dragagem e de acabar com o lançamento de esgoto clandestino. É mesma coisa do governo: gastou milhões com publicidade, com maquiagem, mas por dentro está podre — comentou o médico sanitarista Erik Schunk.
Logo após a sua inauguração, em 1861, o canal tinha toda a sua extensão aberta à navegação. Porém, somente em 1872 passou a ser navegado por uma embarcação a vapor (Vapor Visconde), que transportava carga e passageiros, além das embarcações tradicionais movidas a remos e varas. Recentemente, dois gaiatos chegaram a navegar com um bote inflável e remos. As fotos fizeram sucesso nas redes sociais, tendo em vista a coragem, já que o odor do canal estava insuportável.
Segundo Zacarias Albuquerque, subsecretário de Desenvolvimento Ambiental de Campos, em breve será possível navegar novamente.
— Existe uma grande operação de limpeza que começou no ano passado. É o Esgoto Zero, que já descobriu e eliminou diversas ligações clandestinas ou irregulares de esgoto em galerias pluviais. Agora será feita uma limpeza, retirando todo o lixo e lama. Em breve vamos ter um canal sem aquele cheiro — explicou, ressaltando que a cadeira de praia que aparece dentro do canal foi atirada por usuários de crack. — Eles ficam por ali e jogam de tudo — comentou.
A operação Esgoto Zero, lançada pela concessionária Águas do Paraíba, responsável pelo abastecimento de água e do serviço de saneamento básico no município, é coordenada pela Prefeitura de Campos, por meio da secretaria de Desenvolvimento Ambiental e conta com o apoio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Fonte: Folha da Manhã