quarta-feira, 19 de agosto de 2015

"MENINAS DE GUARUS": DOCEIRA SE ENROLA E É ACONSELHADA A NÃO RESPONDER PERGUNTAS


Diferente do clima tenso esperado em julgamentos, os depoimentos de parte dos acusados no caso ‘Meninas de Guarus’, na tarde desta terça-feira (18), arrancaram gargalhadas do público que assistia e até dos advogados. Em uma das vezes, a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro, precisou conter o público. O motivo eram as ‘derrapadas’ dos acusados, que mesmo orientados a não responder as perguntas, acabavam se ‘enrolando’ e contrariando os advogados. Um deles afirmou que começou a usar drogas na prisão e foi informado que será aberto um novo processo para investigar este caso. Uma mulher acusada de vender drogas, mas que alegou ser doceira, não soube responder qual doce preferia.

Acusado de exploração sexual de crianças e adolescentes, Leilson Rocha da Silva, o “Alex”, confessou algumas das acusações e disse que preferia não responder outras perguntas, conforme foi orientado. Ele disse que não sabia que algumas vítimas eram menores e que elas apresentaram documentos de identificação falsos. Perguntado se consumia drogas, o acusado disse em tom espontâneo que “aprendeu a usar drogas nas cadeias” e que isso é “comum”.

A juíza o interrompeu e perguntou quem fornecia as drogas. Alex afirmou que eram os próprios presos e que era comum o uso de drogas e celulares nas prisões. Questionado se já esteve em muitas prisões, Alex respondeu que esteve preso em Campos e no Rio. Em seguida a juíza informou a Alex que usar drogas na cadeia é crime e que ele seria ouvido e será aberto um novo processo por isso.

“Doceira” não soube informar se preferia confeitar bolos ou fazer doces

A primeira acusada a ser ouvida durante a tarde foi Sandra Lúcia Nascimento, de 37 anos, que seria cozinheira e é acusada de fornecer drogas para o Leilson Rocha da Silva, o “Alex” - acusado de exploração sexual de crianças e adolescentes. Logo no início, ela foi orientada pelo advogado a permanecer em silêncio em todas as perguntas. Mas, mesmo assim, ao ser quesonada pela juíza, Sandra se enrolou.

Perguntada se o apelido do irmão – que também é réu no processo – era “barriga”, ela disse que não sabia e gagueijou. Em seguida foi interrompida pelo advogado que a orientou a dizer que não queria responder. Questionada se fornecia drogas para as vítimas e para Alex, Sandra negou e disse que trabalha como doceira – mais uma vez não seguindo as orientações do advogado. As próximas perguntas da juíza foram qual o doce ela mais gostava e se preferia confeitar bolos ou fazer doces. Sandra se atrapalhou, gaguejou e após ser orientada a permanecer em silêncio, disse que “preferia não comentar”.

Cara de Pau

Nelson Nahim - Até o ex-prefeito interino de Campos e ex-presidente da Câmara de Vereadores, Nelson Nahim, reafirmou que acredita ter um ‘clone’ na cidade e também disse que pode ser vítima de uma ‘jogada política’.

Réus

Os vinte réus do caso Meninas de Guarus são: Leilson Rocha da Silva; José Siqueira de Azevedo; Fabrício Trindade Calil; Dovany Salvador Lopes; Márcio Alexandre Santos Gueirreiro; Robson Cardoso Marins; Everaldo Santana; Fábio Lopes; Thiago Calil; Sério Crespo Gimenes Júnior; Cleber Rocha; Jayme César de Siqueira; Gustavo Ribeiro Pourbaix Monteiro; Nelson Nahim; Ronaldo de Souza Santos; Rodrigo Faria do Nascimento; Sandra Lúcia Faria do Nascimento; Robson Silva Barros; Luiz Augusto Nunes Maciel e Renato Siqueira Duarte.

Entenda

Em junho de 2009, Leilson Rocha da Silva, o “Alex”, foi preso em flagrante em um imóvel no Parque Prazeres, por suspeita de exploração sexual de crianças e adolescentes. A prisão aconteceu depois que uma menina de quatorze anos fugiu de um cativeiro onde vivia em condições subumanas. Uma série de depoimentos na delegacia de Guarus teria apontado Leilson como agenciador de menores para “programas” em que os clientes eram personalidades influentes da sociedade campista.

Trancadas em uma casa em Guarus, as vítimas eram obrigadas a manter relações sexuais várias vezes na mesma noite. Em alguns dos programas, elas eram coagidas a se drogar. Duas adolescentes teriam sido assassinadas de forma cruel por overdose induzida de cocaína. Os depoimentos também apontaram que os corpos foram ocultados.

Parado por anos no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP), o caso voltou a ser investigado pela promotora Renata Felisberto Nogueira Chaves, em junho de 2013. Entre os presos durante cumprimento de mandado de prisão estavam Nelson Nahim; Sérgio Crespo Gimenes Júnior; Fabrício Trindade Calil; Leilson Rocha da Silva; o policial reformado da Polícia Militar Ronaldo de Souza Santos. Também citado, Thiago Machado Calil não foi localizado na ocasião.

Nahim e Sérgio foram presos porque estariam constrangendo as vítimas e testemunhas do caso durante a investigação policial. Na decisão judicial consta que "faz-se necessário o encarceramento cautelar dos mesmos para fins de resguardar a instrução criminal". Passados alguns dias, todos foram soltos por meio de Habeas Corpus.





Fonte: Terceira Via