Prevista para acontecer na próxima quinta-feira (16), a audiência de instrução e julgamento do caso intitulado "Meninas de Guarus", foi remarcada para os dias 17 e 18 de agosto, às 11 horas, na Terceira Vara Criminal da Comarca de Campos. As investigações apontaram a suspeita de existência de uma rede de pedofilia que envolve empresários, políticos e figuras influentes do município. Em 2014, durante uma operação o Ministério Público, citados no processo chegaram a ser presos, mas foram liberados posteriormente.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), um funcionário do gabinete da juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, informou que não houve tempo hábil de organizar a audiência para julho, já que o processo envolve um grande número de pessoas.
O caso ganhou repercussão a partir de junho de 2009 quando Leilson Rocha da Silva, o “Alex” - um dos investigados no processo – foi preso em flagrante em um hotel no Parque Prazeres, por suspeita de exploração sexual de crianças e adolescentes. A prisão aconteceu depois que uma adolescente de quatorze anos fugiu de um cativeiro onde vivia em condições subumanas. Uma série de depoimentos na delegacia de Guarus teria apontado Leilson como agenciador de menores para “programas” em que os clientes eram pessoas influentes.
Leilson foi inocentado pelo crime que motivou a prisão. Suspeito de agenciamento e possível chefia da quadrilha de pedófilos, ele continua impune. A quadrilha é investigada por explorar crianças e adolescentes de ambos os sexos, de idades entre 8 e 14 anos.
Trancadas em uma casa em Guarus, as vítimas eram obrigadas a manter relações sexuais com diversas pessoas por várias vezes na mesma noite. Em alguns dos programas, elas eram obrigadas a se drogar. Duas adolescentes teriam sido assassinadas de forma cruel por overdose induzida de cocaína. Os depoimentos também apontaram que os corpos foram ocultados.
Parado por anos no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP), o caso voltou a ser investigado pela promotora Renata Felisberto Nogueira Chaves, em junho de 2013. Entre os presos durante cumprimento de mandado de prisão estavam o ex-presidente da Câmara Municipal de Campos, o vereador Nelson Nahim; Sérgio Crespo Gimenes Júnior; Fabrício Trindade Calil; Leílson Rocha da Silva; o policial reformado da Polícia Militar Ronaldo de Souza Santos. Também citado, Thiago Machado Calil não foi localizado na ocasião.
Nahim e Sérgio foram presos porque estariam constrangendo as vítimas e testemunhas do caso durante a investigação policial. Na decisão judicial consta que "faz-se necessário o encarceramento cautelar dos mesmos para fins de resguardar a instrução criminal". Passados alguns dias, todos foram soltos por meio de Habeas Corpus.
Fonte: Terceira Via | Cláudia dos Santos