O município de Campos está a poucos casos de registrar mais uma epidemia de dengue. O risco ocorre porque o número de infectados não caiu no mês de julho, o que, de acordo com o chefe do Centro de Referência de Dengue (CRD), Luiz José de Souza, é considerado “atípico”. De janeiro até o dia 21 deste mês, já foram confirmados 1.454 casos, sendo mais de 300 somente nos últimos 20 dias.
Segundo Luiz José, não é possível afirmar que o município esteja passando por uma epidemia porque é o Governo do Estado o responsável por emitir o relatório oficial. No entanto, para ele “Campos está em situação endêmica”. A Baixada Campista ainda é o local com o maior número de casos confirmados, como já foi noticiado pelo jornal Terceira Via em maio deste ano. Luiz José acredita que a razão disso seria que as localidades dessa área não foram afetadas pelo sorotipo 1 (que circula atualmente) em outras epidemias.
Em 2013, Campos teve uma grande epidemia com mais de 15 mil casos registrados. Ainda assim, os números decresceram no mês de julho. “Nos chamou atenção o fato de o mês de julho registrar o mesmo número de casos de junho. O pico da doença acontece geralmente nos meses de abril, maio e junho”, explicou Luiz José.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que estabilização do número de casos este mês tem explicação multifatorial: as alterações climáticas, com o verão seco e o inverno úmido; a ocorrência de casos do tipo 1, que é um vírus que se espalha com facilidade; e as mudanças no perfil genético do sorotipo 1 da dengue, com casos mais graves e sintomáticos, o que acarreta o maior aparecimento de pacientes com suspeita da doença.
Luiz José afirmou que algumas características de Campos contribuem para os números elevados de casos de dengue: a rodovia federal BR-101 atravessando a cidade; a extensão territorial; a divisa com nove municípios; e o fato de ser um polo estudantil, comercial e de saúde. “Esses fatores são cruciais porque aumenta a circulação de visitantes de outros lugares que podem estar infectados”, explicou o médico.
Ele disse ainda que a melhor forma de diminuir o número de casos seria a Prefeitura de Campos promover ações mais enérgicas de combate e prevenção. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que “mesmo com toda informação oferecida pelo CCZ e pela imprensa, e com as ações de combate, cerca de 90% dos focos de dengue estão dentro dos imóveis residenciais”. De acordo com o órgão, “cerca de 400 agentes de combate a endemias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) continuam intensificando as visitas domiciliares”.
A Secretaria disse também que promoveu mutirões em diferentes locais como Ururaí, Tapera, Goitacazes, Donana, Nova Goitacazes, região da Pelinca, Centro e Farol, fiscalizando mais de 50 mil imóveis. Além disso, 10 novos carros fumacê foram adquiridos; foi implantado o Prontuário Eletrônico, com sistema de georreferenciamento e rápida identificação dos focos e bloqueio epidemiológico.
Fonte: Terceira Via