(Foto: Ralph Braz) |
Após cinco dias de greve, manifestações e negociações, os professores da rede municipal de ensino de Campos voltam às salas de aulas na próxima segunda-feira (25). Com muitas promessas e poucas mudanças imediatas, os docentes continuam em estado de greve e na luta por melhores condições de trabalho e de salários. Nesta sexta-feira (22), eles fizeram um ato na Praça São Salvador, saíram em caminhada até a Prefeitura de Campos, onde permaneceram até cerca das 22h. Após clamar pela presença da prefeita Rosinha – sem serem atendidos – os grevistas definiram um grupo de representantes, que se reuniu com o secretário de Administração, Fábio Ribeiro, e o secretário de Educação, Fred Rangel.
Segundo os professores, a conversa com a administração municipal foi positiva e teve “pequenos avanços”. Veja abaixo a lista das promessas:
1 - Contratação imediata de vigias, funcionários de limpeza e outros para 30 unidades de ensino em situação mais crítica (Campos possui 239 unidades de ensino municipais);
2 - Criar um calendário para reforma das unidades escolares, mediante consulta à Secretaria de Obras;
3 – Dialogar, na próxima semana, com a prefeita Rosinha sobre a possibilidade de não utilizar mais o material didático da Expoente;
4 – Dialogar, na próxima semana, sobre a possibilidade de revisão do Plano de Cargos e Salários;
5 – Dialogar, no início de setembro, sobre o reajuste salarial da categoria;
6 – Não cortar os cinco dias em que os professores ficaram sem trabalhar, com a condição de normalização das aulas nesta segunda;
7 – Dialogar com as empresas de ônibus sobre a possibilidade de fornecer uma carteirinha para os professores andarem de ônibus de graça;
Sobre o plano de saúde, que foi cortado, os representantes do governo municipal não comentaram na reunião. E sobre a convocação dos profissionais concursados, a informação passada pelos líderes do movimento é que a prefeitura informou não ser possível no momento.
Mesmo com as promessas, o encerramento da greve não agradou a todos os docentes, como é o caso da professora Graciete Santana. “Os avanços foram muito poucos e a sensação é de insatisfação. Temos que frisar neste momento que o governo não expira confiança e a situação nas escolas está caótica. O que vai acontecer ainda é uma interrogação, mas o que houve hoje é prova que o governo municipal estava desesperado com a possibilidade de ocupação da prefeitura. Nós continuamos em estado de greve e de olho nas promessas”, disse a professora Graciete Santana.
Para a professora Odete Rocha, é preciso fazer uma avaliação da situação atual. “Nós temos que ter responsabilidade e continuar em estado de greve até as reivindicações em pauta serem atendidas. As negociações continuam em andamento e não estamos abrindo mão de nada. Queremos ser atendidos em tudo, mas temos que avaliar o que é possível”, ponderou Odete.
Vereadores barrados na porta da prefeitura
Antes do grupo formado pelos representantes do movimento noticiar os resultados do diálogo entre grevistas e governo municipal, os vereadores da oposição Rafael Diniz, Fred Machado e Marcão estiveram na prefeitura para apoiar os professores. Eles foram informados de uma possível confusão e ao tentar entrar na prefeitura, foram impedidos por guardas municipais que afirmaram ter recebido a ordem do administrador do prédio, Júlio Oliveira. Os vereadores tentaram entrar pelas duas portarias, por mais de uma hora, mas foram impedidos a todo momento.
“Eles tentam impedir os representantes do povo de entrar na prefeitura. Enquanto isso, os vereadores da situação estão lá dentro. Isso é a ditadura Garotista”, desabafou o vereador Marcão.
Enquanto isso, um porta-voz da prefeitura afirmava que ninguém mais entraria no prédio. “Já estamos fechados e ninguém entra mais. O horário de expediente é até as 18h”, disse o homem. Como resposta, os vereadores afirmaram que se a prefeitura estava em funcionamento e com outros vereadores lá dentro, eles tinham direito de entrar. Mesmo assim, e com o clamor dos professores, os três representantes do povo não tiveram a entrada permitida.
Atos nesta sexta-feira
Mais de 600 professores e servidores municipais de Campos fizeram manifestação na Praça São Salvador na tarde desta sexta-feira (22). De preto, com nariz de palhaço e marcados com asteriscos, os profissionais lotaram o local com cartazes e apitos e utilizaram um mini trio elétrico para falar sobre as condições das escolas. Minutos após o início do ato, os manifestantes seguiram em caminhada pela cidade para a frente da Prefeitura de Campos, para a realização de uma assembleia para definir os próximos rumos do movimento. Já na prefeitura, os líderes do movimento surpreenderam ao anunciar que dez profissionais da educação estavam no prédio da prefeitura com barracas de campping e dispostos a passar a noite no local.
A imagem de um asterisco colada ou desenhada no corpo, usada por muitos, foi uma forma de demonstrar descontentamento com a fala do secretário de Educação Frederico Tavares Rangel. O secretário orientou os diretores, durante uma reunião nesta quinta (21), a marcarem um asterisco na frente do nome dos grevistas, para a prefeitura descontar os dias não trabalhados posteriormente. Os docentes também penduraram um varal com fotos que retratam as condições estruturais das unidades de ensino do município.
Durante a manifestação, grades do muro da prefeitura foram quebrados e uma pichação foi feita no muro. Segundo o Sepe, dois baderneiros infiltrados no movimento foram os responsáveis pelos atos de vandalismo. “Nós somos educadores e somos contra qualquer ato violento”, disse Carlos Santafé, coordenador do Sepe.
Reivindicações
Os professores estão reivindicando Plano de Cargos e Salários total, reajuste salarial, reposição das perdas salariais, condições dignas de trabalho, retorno do Plano de Saúde e vale-transporte, que estão suspensos há quatro meses, para todos os servidores; Auxílio Alimentação no valor de R$ 500; redução da carga horária em 1/3; e a incorporação da gratificação nos salários dos profissionais.
Priscilla Alves
Fonte: Terceira Via