R$ 1.446.739,72 (um milhão, quatrocentos e quarenta e seis mil, setecentos e trinta e nove reais e setenta e dois centavos). Este foi o valor gasto no ano passado pela Prefeitura de Campos na obra de rede de drenagem da rua José Alves de Azevedo, descida da ponte Governador Leonel de Moura Brizola, de acordo com o Diário Oficial do município do dia 1º de julho de 2014. Após as chuvas de 33,9 mm da última terça-feira (03), a população de Campos, que paga os impostos e aguarda com paciência as promessas do governo municipal, questiona o motivo de uma obra tão cara não ter resolvido o problema de acúmulo de água no local. Outros pontos, que passaram recentemente por obras da prefeitura, também não suportaram a quantidade de chuvas e apresentaram alagamentos. Na quarta-feira (04), choveu 14 mm, de acordo com a Defesa Civil, e estão previstos 90 mm para semana que vem.
(Fotos: Jean Santos) |
Segundo a secretaria de Obras e Urbanismo, o transtorno na descida da ponte, ocorreu porque o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) não realiza a limpeza necessária nos canais do município. Como o Canal Campos-Macaé estava bastante assoreado, a água da chuva ficou represada, fazendo com que o nível se elevasse, ocasionando o alagamento na descida da ponte. O fato foi desmentido pelo Inea, alegando que a área apontada pela secretaria de Obras, de onde teria partido o problema está localizada a 3 km da cabeceira da ponte, o que torna inviável a declaração do governo municipal.
— Hidraulicamente não há possibilidade da obstrução do Canal Campos-Macaé ter provocado o alagamento na descida da ponte, no Centro. O local apontado não apresentou problemas e não teve alagamentos. Inclusive, o trecho foi limpo pela própria prefeitura no final do ano passado. Não entendo o motivo dessa justificativa do governo municipal — declarou o superintendente da Bacia do Baixo Paraíba do Sul do Inea, Renê Justen.
O arquiteto e urbanista Renato Siqueira se mostrou favorável à declaração do superintendente do Inea, e afirmou que após as inundações no local, que também atingiram o Shopping Popular Michel Haddad, foi nítido que parte do sistema de drenagem, entregue em setembro do ano passado pela prefeitura, não está funcionando.
“Neste ponto e nos outros locais que tiveram alagamentos ficou claro que falta manutenção e todo sistema precisa ser revisado, para assim ter alguma segurança e condições de funcionar”, declarou Siqueira, afirmando que em 2004, a Prefeitura e a Fundenor elaboraram o Plano de Macrodrenagem Urbana, com indicações de soluções para os trechos de alagamento em Campos. No estudo, num trecho que corresponde ao Canal Campos-Macaé, recomenda-se que o local seja mantido limpo e sem obstruções. “Por que o governo municipal não colocou esse plano em prática? É um caso a ser pensado”, disse Renato
Problemas mesmo com a chuva fraca
Na quarta-feira, a chuvas voltaram a “incomodar” a população, e de acordo com a Defesa Civil , choveu 14 mm entre as 12h e 13h em Campos.
Há previsão de mais chuvas para quinta (05), sexta (06) e sábado (07). Já para semana que vem, são esperados 90 mm de chuvas. Enquanto isso, o nível do rio Paraíba do Sul continua baixo e marcou ontem, 5m10, contra 5m na terça-feira e 4m88 na segunda-feira. “Na terça-feira, a Defesa Civil recebeu solicitações da comunidade Margem da Linha, na Tapera, Jóquei II, Pecuária e Parque Leopoldina, e as equipes estavam circulando pela cidade, a fim de solucionar qualquer anormalidade. Todos os casos foram resolvidos e ontem, não recebemos nenhum chamado”, declarou o secretário, afirmando que em relação ao nível do Paraíba, as chuvas que caíram terça-feira e ontem no estado do Rio podem ter contribuído com a alteração. É importante considerar que os estados de São Paulo e Minas Gerais — outras cabeceiras do rio — influenciam na quantidade de água do Paraíba do Sul e não tiveram chuvas. “Estamos em alerta e preparados para as chuvas. Espero que as previsões se concretizem e os problemas da crise hídrica sejam amenizados”, finalizou.
Fonte: Folha da Manhã