segunda-feira, 18 de agosto de 2014

CONTENÇÃO DO AVANÇO DO MAR EM ATAFONA É ' POSSÍVEL' E VALOR DA OBRA É ORÇADA EM R$ 180 MILHÕES


(Foto: Ralph Braz)
“A recuperação da orla de Atafona é possível e viável”. A declaração é do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), o engenheiro Domenico Accetta. O projeto conceitual foi apresentando na última terça-feira, 12, no auditório da prefeitura . Segundo Accetta, o projeto final deve ser entregue dentro de cinco meses e a previsão é que a obra seja orçada entre R$ 140 e 180 milhões.

Para referendar a sua ideia, Domenico Accetta mostrou casos similares onde o INPH conseguiu recuperar, como Marataízes e, principalmente, Conceição da Barra, que também é um pontal, ambas no Espírito Santo. O engenheiro também apresentou detalhes do projeto inicial. A princípio seriam recuperados quatro quilômetros de praia, no sentido Atafona -Grussai, e aumentada a faixa de areia em cerca de 100 metros.

“Realizamos um estudo sobre a viabilidade de um projeto que possa conter o processo de avanço do mar em Atafona, na foz do rio Paraíba do Sul. O projeto é complexo devido aos diferentes locais de erosão e assoreamento na foz, mas é totalmente viável. Foram dias de trabalho que vão valer a pena”, ressaltou Domenico.

Processo erosivo- As primeiras observações do processo erosivo foram há 40 anos. O mar avança sobre a cidade desde os anos 70 e vem destruindo ruas inteiras. O problema foi intensificado com a falta de pressão do volume de água do rio Paraíba do Sul, que corta a cidade de São João da Barra a caminho do mar.

O técnico em Turismo, André Pinto atuou como colaborador do projeto “Erosão de Atafona”, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo André, o distrito tem características peculiares que fazem com que ali sejam sentidas estas transformações mais drásticas.


“A forte dinâmica das correntes marinhas, a formação geológica e por ser o ponto de tensão dos ventos vindos do nordeste, além da construção irregular nas faixas do rio e do mar, fazem com que Atafona viva este problema com tanta intensidade”, disse.

A ruína mais impactante de Atafona é o “hotel do Julinho”. Construído pelo empresário Júlio Ferreira da Silva em 1973, o empreendimento também foi uma mercearia. O jornalista João Noronha, no livro “Uma Dama Chamada Atafona”, descreve o prédio como “o primeiro supermercado da cidade, dotado de bar, padaria e lanchonete”. Na parte superior, foram construídos 48 apartamentos com suítes em três andares. O prédio veio abaixo em abril de 2008, numa nova aproximação do mar. Ninguém se feriu. Meses antes a Defesa Civil Municipal havia interditado o local.

Segundo os moradores mais antigos, o avanço do mar acontece desde os anos 70. Estima-se que o mar avançou sobre cinco ruas, totalizando cerca de 500 casas. Isso equivale, pelos cálculos da prefeitura, a 40 campos de futebol. “O mar avança cerca de três metros por ano”, diz André Pinto. Tanto que o mar é proibido para o banho devido à presença de vergalhões e restos de construções escondidas sob as águas barrentas. “A cor, aliás, em nada tem a ver com poluição – é pela vizinhança com o rio”, ressaltou.



Fonte:Secom