A greve dos bancários, que na sexta-feira (4) completa duas semanas, já produziu um enorme estrago no comércio de Campos e está impedindo, também, o início das contratações temporárias, cuja previsão é em torno de 1,5 mil até ao fim do ano. Quem garante é o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL) Roberto Escudine, e o presidente da Associação dos Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoas e Adjacências (Carjopa), Eduardo Chacur. Escudine considerada ser necessária a adoção de medidas previstas nas leis para garantir que as pessoas tenham acesso de forma normal ao sistema financeiro. Segundo ele, é ilusão achar que tudo possa ser feito através dos caixas eletrônicos ou pela internet. “As próprias operações de crédito estão inviabilizadas por causa da paralisação. A Defensoria Pública teria entrado com pedido de liminar para que bancos sejam reabertos. Isso porque as pessoas mais humildes acabam sendo as mais prejudicadas, entre elas os aposentados. São múltiplos os efeitos colaterais que essa greve acarreta. E, o que é pior: após seu fim, é preciso uma demanda de tempo para que a situação se normalize completamente”, ressaltou.
O pedido que havia sido encaminhado pela Defensoria Pública foi indeferido na 1ª Vara Cível de Campos, que encaminhou o processo para a Justiça do Trabalho, segundo informou ontem o presidente do sindicato dos Bancários, Hugo Diniz. De acordo com o sindicalista, a mesma situação aconteceu na greve de 2011.
Já Escudine acrescentou que no primeiro semestre deste ano, o comércio e a economia como um todo, ficaram abaixo da expectativa em relação ao faturamento, e que os melhores prognósticos estavam previstos para o segundo semestre, quando geralmente as vendas são bem melhores.
— Uma greve que caminha para a 3ª semana compromete toda essa expectativa. Não considerar serviço essencial o setor bancário é algo discutível. Pelo menos parte da força de trabalho dos bancários deveria estar em atividade. Estamos constatando uma inadimplência involuntária, que vai implicar no pagamento de juros e descapitalizar o consumidor na reta final do ano. O quadro é desolador — disse.
Paralisação já inibe consumo no comércio
O presidente da Carjopa, Eduardo Chacur, concordou com as observações feitas por Roberto Escudine, e acrescentou que a greve dos bancários está inibindo o consumo, por um fator psicológico, e também atrasando o início do processo de contratação de empregos temporários pelas lojas para o período de fim de ano.
— São mais de 1.500 empregos temporários que o comércio de Campos espera entre novembro e dezembro, por causa do Natal, mas as contratações começam a ser feitas agoraem outubro. Eisso não está acontecendo porque o comércio não está vendendo. As pessoas estão preocupadas em pagar as contas através das ferramentas disponíveis, mas não se sentem a vontade para consumir. Se essa greve rumar para a terceira semana a situação ficará ainda mais greve — afirmou Chacur, que diz não discutir a legitimidade das reivindicações dos bancários na negociação na data base da categoria, mas diz que pode-se observar que não existe muito afinco na negociação, o que preocupa ainda mais não só o comércio, mas todos os setores produtivos.
Fonte: Folha da Manhã