Arthur Antunes Coimbra, hoje sexagenário, foi um Senhor Camisa 10. O mais completo e talentoso desde Pelé. A magia que exibia nos dribles, passes, lançamentos, cobranças de falta e gols fez dele ídolo de diferentes gerações de rubro-negros. E o manterá para sempre no Olimpo do futebol brasileiro. Campeão do mundo e da Libertadores, em 1981; quatro vezes campeão brasileiro, em 80/82/83/87; e sete vezes campeão carioca (72/74/78/79/79/81/86), comandou a geração mais brilhante que já vestiu o Manto Sagrado.
São quatro letras que mexem até hoje com milhões. Zico, o rei de uma nação, ídolo, gênio. Para muitos, pouco; Zico seria divino. Seu templo maior, o Maracanã.
Saída de seus pés, a bola encontrou mais de 300 vezes a rede. Algumas realmente fazem pensar: O Camisa 10 tinha um quê de sobrenatural. Fazia a alegria de milhares de fiéis a cada domingo.
Uma comunhão perfeita, real. O preto e o vermelho não eram só camisa. Viraram pele. Pensar em Flamengo é pensar em Zico. Mas quem veste outras cores do arco-íris se vê num dilema. Como não aplaudir lances espetaculares?
O sorriso fica ali, no canto da boca. E claro, um quê de inveja. Zico fez os rubro-negros gritarem gol 508 vezes. Deu um título mundial, uma Libertadores, quatro brasileiros.
Com o Flamengo no coração, só deixou a Gávea duas vezes, em ocasiões especiais. A primeira, para aceitar uma proposta financeira irrecusável da modesta Udinese, da Itália. Mesmo num time muito fraco, brilhou: foi vice-artilheiro do campeonato italiano. A melhor definição da passagem dele foi dada por um jornalista do país: “um motor de Ferrari dentro de um Fusca”. Na segunda, abrindo os olhos do mundo para o futebol na terra do sol nascente.
Democrático, Zico estendeu a todos os brasileiros o prazer de comemorar seus gols. Exatamente 52 vezes. Disputou três copas do mundo, mas não foi campeão. Como disse o jornalista Fernando Calazans: azar da copa do mundo. Sorte de quem viu Zico jogar.
De quem ainda vê, aliás. O craque não dispensa uma boa pelada. Os anos passaram, o corpo mudou. Já o talento nunca foi embora. Assim como a paixão pelo mais querido do Brasil.
Moraes Moreira colocou em música a pergunta que tantos fizeram. "E agora como é que eu fico, nas tardes de domingo, sem Zico no maracanã", diz a música ao ídolo.
O tempo não volta, o velho Maracanã só ficou na memória. Assim como gols e tardes inesquecíveis. Arthur Antunes Coimbra chega aos 60 anos neste domingo (3). Zico é eterno.
Fonte: O Globo/ Folha de São Paulo