quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

RIO DAS OSTRAS OSTENTA O MAIOR ÍNDICE DE ESTUPROS CONTRA MULHERES NO RJ



A Rio das Ostras que brilha na mídia regional como sede de um festival de gastronomia, jazz e encontro de motociclistas está distante da Rio das Ostras do cotidiano dos moradores. A cidade ostenta um dos maiores índices de estupros contra mulheres no Estado do Rio de Janeiro. Bairros enfrentam falta de transportes públicos e saneamento. A agenda positiva alimentada com verbas publicitárias sufoca a imagem que emerge do cotidiano local.

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão ligado a Secretaria de Segurança Pública, até novembro do ano passado, 49 casos de estupros foram registrados na cidade. Fora os casos que não chegam a ser notificados às autoridades devido à falta de órgãos oficiais especializados ao combate a este crime na região.

Faltam delegacias especializadas no atendimento a Mulher. O único núcleo regional funciona na cidade de Campos dos Goytacazes que fica a mais de 100 quilômetros. No mês de setembro de 2012 as estatísticas oficiais sobre violência foram assustadoras. Aconteceu um caso de estupro (dia sim, dia não) na cidade.

Os casos se sucedem em meio ao imobilismo do poder público. A prefeitura local não tem um só programa de amparo às vítimas. Não moveu uma palha para sensibilizar a secretaria de Segurança Pública do Estado.

Estupros entraram na rotina dos moradores nos últimos dez anos, período em que a população cresceu turbinada pela indústria do petróleo, que tem sua base de operação na vizinha Macaé. Segundo o último censo do IBGE, atualmente são 105.757 mil habitantes morando em 8.077 domicílios. Um crescimento de 190% em dez anos. Estima-se que pelo menos 90% da população sejam de pessoas que vieram de outras cidades.

Contra a incidência do crime e a omissão do poder público, surge um levante nas redes sociais. Professores do curso de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense organizaram um movimento, que das redes sociais, já evoluiu para encontros periódicos. Cerca de 60 pessoas participaram do primeiro encontro do movimento riostrense contra o estupro. 

O movimento é ancorado numa página do Facebook e vai ganhando adesões gradativas de uma população alarmada e de vítimas atormentadas, que não encontram o mínimo apoio institucional. Enquanto isso, os noticiários regionais estão concentrados na difusão de press releases e agendas de espetáculos. Rio das Ostras é mais uma prova de que a mídia regional está longe de alcançar os verdadeiros problemas da comunidade.


Fonte: Viu online