quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

MESMO COM DOADORES, FALTA DE MÉDICOS DE MÉDICOS IMPEDE TRANSPLANTE DE RIM DE CRIANÇAS


Foi-se o tempo em que a maior dificuldade para um doente renal crônico era conseguir um doador compatível, capaz de dar-lhe um órgão e uma vida livre das cansativas e doloridas sessões de diálise. Diante da falta de médicos no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), que não realiza mais transplantes, pelo menos 900 pessoas aguardam na fila para receber um novo órgão. 

Para piorar ainda mais a situação, o Centro estadual de Transplantes, recém-inaugurado, atende apenas adultos. Crianças e adolescentes seguem sem atendimento para transplante. A unidade, inaugurada por Sérgio Cabral na semana passada, recebeu R$ 3 milhões de investimentos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mãe de Marcos Paulo Barbosa Pinto Junior, de 5 anos, Samira Tavares tem medo do filho morrer antes de conseguir um médico para a realização do transplante. Marquinhos, como o menino é carinhosamente conhecido, já conseguiu um doador - seu próprio pai. O HFB, no entanto, não tem previsão para a cirurgia, já que pelo menos 16 médicos deixaram a unidade federal para trabalhar no Centro de Transplantes em busca de melhores salários oferecidos pelo governo estadual. 

"O meu filho merece a vida normal de uma criança de cinco anos. Ele já teve que retirar um rim e uma costela, e também não tem o canal que liga o rim à bexiga. Todo o tratamento vem sendo feito no HFB. É um absurdo o transplante no hospital acabar porque não há médicos para atender. No caso das crianças é ainda pior", reclamou a mãe de Marquinhos.

Depois de receber uma denúncia do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed), o defensor público da União, Daniel Macedo, pretende responsabilizar judicialmente o secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde e o diretor do Hospital Federal de Bonsucesso, Flavio Adolpho, caso alguma criança ou adolescente que consta na fila de transplante morra antes da cirurgia. 

"Já oficiei o diretor do hospital e quero saber quantas crianças se encontram nesta situação. Não dá para aguardar atendimento sem saber quando os médicos vão vir para trabalhar no HFB. Qualquer diz desperdiçado pode ser tarde demais", diz Macedo. "Se alguma criança morrer antes do transplante, o Ministério vai ter que ser responsabilizado".


Fonte: Jornal do Brasil