quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MULHER ESCAPA DA MORTE EM CANTEIRO DE OBRAS DO PORTO DO AÇU


(Foto: ANI)

Uma técnica em enfermagem do trabalho escapou da morte e de ficar paraplégica em um acidente há pouco mais de um mês, em um canteiro de obras da empresa Elecnor, que presta serviço a LLX, que constrói o Complexo Portuário do Açu.

Reginalda da Silva Pessanha, 31 anos, estava dentro de uma caminhonete atingida por um guindaste, no dia 15 de dezembro de 2012. Ela quebrou o tornozelo direito e fraturou a 12ª vértebra. Por sorte, não perdeu a vida nem os movimentos do corpo. O acidente aconteceu no distrito de Goytacazes, em Campos.

Quarenta dias após o acidente, Reginalda conversou com a equipe do Jornal Terceira Via. Ela está em cima de uma cama, depois de sofrer duas paradas cardíacas e ficar em coma em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Pensei que fosse morrer. Estava dentro de uma caminhonete com mais duas pessoas quando vi o guindaste se soltando e vindo em minha direção. Por algum motivo o guindaste entortou e atingiu em cheio uma caminhonete Hilux que estava perto e que partiu ao meio. O carro em que eu estava ficou destruído, mas nós nos salvamos”, lembra Reginalda.

Foto: Silvana Rust

Os outros dois colegas de Reginaldo foram lançados do carro com o impacto do acidente, mas não sofreram ferimentos graves. A vítima conta que era um dia de sábado e já tinha passado do horário do expediente, que era para ter encerrado às 11h. Porém, a chefia da empresa determinou que o trabalho continuasse, pois os funcionários receberiam hora extra. Reginalda estava fugindo do calor da ambulância onde trabalhava e entrou na caminhonete, que estava mais fresca.

Ela foi socorrida pelos colegas de trabalho e levada para o Hospital Ferreira Machado (HFM). Dias depois, foi transferida para um hospital particular da cidade. Segundo o Sindicato da Construção Civil, somente após o acidente a empresa providenciou o plano de saúde para Reginalda.

A vítima recebeu da empresa uma cadeira de rodas, muleta, ar condicionado e atendimento de uma enfermeira diariamente das 8h às 17h. Os gastos para a empresa chegaram a R$ 10 mil, segundo Reginalda. Porém, de acordo com a enfermeira acompanhante, Ariana Fiúza Rodrigues, seria necessária uma cama leito e um espaço adequado para a paciente andar com a cadeira. “Essa casa é da minha mãe e é alugada. Aqui não tenho como andar na cadeira de rodas. Outro problema é a conta de luz que, por causa do ar condicionado, vem muito cara e eu não tenho como pagar”.

Reginalda deve passar por uma perícia do Instituto Social de Seguridade Social (INSS) e ficar à disposição do órgão até se recuperar. Os médicos deram um prazo de dois meses para ela se recuperar e indicaram fazer fisioterapia. Reginalda aguarda a fisioterapeuta há quase um mês.

De acordo com fiscais do sindicato, a enfermeira acompanhante de Reginalda está recém-operada e não tem condições de socorrer a vítima em caso de emergência. “Se der algum curto-circuito ou algo que necessite de uma remoção rápida da paciente, a enfermeira não tem como atuar com eficiência porque está recém-operada. Outra necessidade de Reginalda é um acompanhante noturno e um espaço adequado para cadeirante”, explicou o diretor Carlos Augusto da Silva.

Agora, o sonho de Reginalda é voltar a andar e não sentir dor. O sindicato da construção civil vai notificar a empresa e comunicar o fato ao Ministério do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho para investigação.

A Elecnor é uma empresa espanhola responsável pelo setor de transmissão de energia para a LLX. A empresa ainda não se pronunciou sobre o assunto.


Fonte: Terceira Via