(Fotos: Ralph Braz) |
O Município de Campos dos Goytacazes, situado ao norte do Estado do Rio de Janeiro, foi fundado em 28 de março de 1835, mas sua história pode ser contada desde meados do século XVI, "quando Dom João III doou a Pero Góis da Silveira a capitania de São Tomé, cujo nome posteriormente passou a Paraíba do Sul. Com a chegada dos portugueses a região, começou a luta com grupos indígenas da etnia goitacá, que habitava as aldeias lacustres, porém não se desenvolveu um processo ocupacional. A cidade de Campos contudo possui uma longa história e um papel preponderante na história do Brasil, afinal foi uma das primeiras capitanias hereditárias.
O primeiro colonizador da região foi Pero de Góis da Silveira, este recebeu a capitania em Janeiro de 1536, como prêmio por serviços prestados, mas só fundou uma povoação em 1539. Em quatro anos, construiu uma vila próspera intitulada de Vila da Rainha. Mais tarde, resolveu voltar a Portugal para angariar recursos e investir na vila.
Nesse período de sua viagem, as pressões estrangeiras sobre o território brasileiro eram crescentes, a presença de piratas e corsários era constante. Um grupo de corsários acabou seqüestrando um cacique goytacaz e o entregou aos índios Aimorés.
Os índios goytacaz se revoltaram e atacaram o povoado que ficou destruído. Quando Pero Góis retornou de Portugal, encontrou a vila destruída e não conseguiu reconstruíla.
No início do século XVII, Gil de Góis da Silveira, filho de Pero de Góis, reclamou o direito sobre a capitania e acabou tomando posse da terra, fundando a Vila de Santa Catarina das Mós. Para agradar os índios e evitar mais conflitos, Gil Góis adota uma índia chamada Catarina. Quando a mesma atinge treze anos, ele a torna como sua amante. Durante uma viagem de Gil, sua esposa D. Francisca Del Aguilar Manique, chicoteia a índia que consegue fugir e voltar para sua tribo. Os índios se revoltam e arrasam a vila novamente. Gil Góis foge e renuncia a capitania em favor da coroa. O governador Martim de Sá recebe ordem do reino para dar por sesmarias as terras das capitanias abandonadas. Sete homens que vinham prestar serviços a Coroa solicitam então as terras compreendidas entre o rio Macaé e o Cabo de São Tomé, a Vila de São Salvador de Campos dos Goytacazes.
Em agosto de 1627, a concessão é feita para os sete capitães: Miguel Arias Maldonado, Gonçalo Correia, Duarte Correia, Antônio Pinto, João de Castilho, Manoel Correia e Miguel Riscado. Porém, o clã dos Correia de Sá estava interessado nas terras. Em 1650 foi implantado o primeiro engenho em solo campista. Em 1674, Salvador Correia de Sá e Benevides obtém para seus filhos, Martim Correia de Sá e João Correia de Sá a doação da capitania.
Visconde d'Asseca funda a vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes em 1677, dominando a região por quase um século. Neste período há grande expansão pecuária. Em 1750 ocorre a queda dos Assecas e a partir daí a expansão da cana-de-açúcar, possível pela divisão dos grandes latifúndios. No século XVIII, a capitania é enfim incorporada a Coroa e passa a aumentar cada vez mais sua importância no contexto da história do Rio de Janeiro.