quarta-feira, 4 de junho de 2014

FILHO DE FOTÓGRAFO DEVE PROCESSAR HOSPITAL POR NÃO PRESTAR SOCORRO


O empresário Vítor Marigo, um dos filhos do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, que morreu na segunda-feira em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, disse que a família deve entrar com ação na Justiça contra a União e a unidade de saúde, que negou o atendimento.

— Estamos ainda sob o choque da morte de meu pai, mas temos ótimos advogados à disposição. Queremos conseguir uma indenização e, com isso, criar um fundo mantenedor da obra dele. Poderia ser uma fundação, por exemplo. O importante é manter viva a obra do meu pai — disse Vítor.

O filho do fotógrafo ressaltou que a família está recebendo inúmeras ações de apoio, principalmente, de pessoas indignadas com o que aconteceu.

DELEGADO OUVIRÁ NOVAMENTE O MOTORISTA

O delegado titular da 9ª DP (Catete), Roberto Nunes, responsável pelas investigações do caso, disse nesta quarta-feira que pretende ouvir novamente o motorista de ônibus Amarildo Gomes, que levou Luiz Cláudio Marigo até o INC e também o bombeiro que participou do atendimento. Uma equipe de policiais esteve, nesta terça-feira, no hospital para conseguir o nome dos profissionais que estavam de plantão. O delegado informou que aina está aguardando a resposta da unidade.

— Vamos ouvir todos que estavam no local, incluindo passageiros que estavam no ônibus, para saber de onde veio a ordem de que o atendimento não poderia ser feito. Quanto à direção, só vou ouvir depois que todos os servidores forem ouvidos e soubermos a dinâmica de tudo que aconteceu — explicou o delegado.



O FOTÓGRAFO MORREU POR FALTA DE ATENDIMENTO

Praticante de atividades físicas, o premiado fotógrafo de natureza e articulista de Fotografe Melhor, voltava de ônibus para casa, após sua corrida matinal no Aterro do Flamengo. Sem documentos e portanto apenas um molho de chaves e alguns trocados no bolso, a família não foi avisada de imediato. Cecília Marigo, mulher do fotógrafo, diz que passou em frente a unidade de saúde justamente na hora que o marido passava mal, entretanto não deu atenção à confusão e seguiu para o seu destino. Somente depois de ver uma reportagem no site G1, no qual mostrava a foto da vítima, que o filho de Marigo reconheceu o pai.

Os passageiros do coletivo dizem que Marigo reclamou de fortes dores no peito e, o ônibus que passava em frente ao INC parou para o socorro. Alguns passageiros desceram para pedir ajuda no hospital, entretanto os funcionários do hospital informaram que devido a greve, não havia emergência, recusando o atendimento ao fotógrafo.

Segundo a mulher de Marigo, houve negligência do INC. O paramédico de uma ambulância do Samu que chegou trazendo outro paciente ao local tentou os primeiros socorros. O serviço de resgate do Corpo de Bombeiros do Rio chegou meia hora depois de chamado e também não conseguiu reanimá-lo. Cecília acredita que se Marigo tivesse sido atendido 20 minutos antes, podia ter sobrevivido. Ela afirma que ele nunca acusou problemas cardíacos.


Fonte: O Globo / Fotografe Melhor